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Rodoanel terá estudo arqueológico
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
17/03/2005 | 14:14
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Os primeiros a explorar o trecho Sul do Rodoanel Mário Covas não devem ser os motoristas, mas sim os arqueólogos. Na tarde de quarta-feira, o secretário de Estado dos Transportes, Dario Rais Lopes, esteve no MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia) da USP (Universidade de São Paulo) para assinar o convênio que prevê a investigação de registros de vida humana ao longo dos 53 quilômetros da asa Sul do anel viário, que interliga a avenida Papa João XXIII, em Mauá, à rodovia Régis Bittencourt, em Embu.

A expectativa é de que a pesquisa em busca de sítios arqueológicos – terrenos on-de existem evidências de vida humana – tenha início dentro de 90 dias. Esse é o prazo em que o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, espera obter a licença ambiental que permite o início das obras. Para tanto, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) tem que completar, por imposição do Ministério Público Federal, o EIA-Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental).

Os promotores exigem que os técnicos de Brasília elaborem um estudo sobre o impacto que a construção do trecho Sul do Rodoanel irá causar em três esferas: na reserva da biosfera do cinturão verde da Capital, no ecossis-tema do trecho de Mata Atlântica no entorno da represa Billings e nas duas aldeias de índios guaranis localizadas em Parelheiros, a Barragem e a Krukutu. Sem essa análise, o governo do Estado não poderá obter a licença ambiental para dar início à construção dos 53 quilômetros de estrada.

Pelo acordo firmado quarta-feira na USP, o levantamento arqueológico será realizado simultaneamente à abertura da pista. Estarão envolvidos na empreitada nada menos que 23 profissionais com uma missão já traçada: fazer o levantamento bibliográfico pa-ra elaboração de um quadro arqueológico regional; mapear os possíveis sítios arqueológicos do trecho; documentar detalhadamente todos os sítios encontrados; e desenvolver programas e atividades educativas em todos os municípios envolvidos.

A previsão é de que todo o trabalho dure um ano e meio. O custo do projeto é de R$ 643 mil – cifra longínqüa dos R$ 2,1 bilhões nos quais estão estimadas as obras do trecho Sul do Rodoanel.

Apesar de o custo não representar sequer 1% do valor total do projeto, seu resultado pode ser surpreendente. No trecho Oeste do anel viário – o único já construído até hoje – os arqueólogos fizeram um achado importantíssimo para a história de São Paulo: o mapeamento de 30 bens históricos em áreas urbanas.

Segundo um informativo da Unicamp (Universidade de Campinas), o mais antigo sítio arqueológico do Estado, com 9,5 mil anos, teria sido descoberto em Mogi Mirim, durante os trabalhos de abertura de uma rodovia na cidade. No caso do Rodoanel Sul, os trabalhos se concentrarão em uma área de 60 metros de largura ao longo dos 53 quilômetros de extensão de pista. No caminho dos arqueólogos, estão quatro das sete cidades do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires.

A expectativa do governo do Estado é de que as obras de construção do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas tenham início em agosto e setembro deste ano, em Mauá. Até o fim deste mês, começará o processo de pré-qualificação das empreiteiras interessadas em fazer a obra.

Desapropriações – Durante todo o processo de construção, a expectativa é de que 1.754 imóveis – 63% deles no Grande ABC – sejam desapropriados. E os números não param por aí. Ao longo dos 53 quilômetros de estrada, está previsto o desmatamento de 297 hectares de área verde, além de 28 hectares de reservas para o cultivo agrícola e 20 galpões industriais. Por outro lado, os benefícios também são atraentes –  redução de custos e tempo de viagem de caminhão e a consolidação de pólos industriais ao longo do Rodoanel-Sul.



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