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Osklen, moda em cena
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13/03/2017 | 07:31
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Oskar Metsavaht nasceu em família de artistas e, desde pequeno, fotografava e filmava ao lado de seu pai. A mãe cursou história da arte e as duas irmãs também escolheram atuar na área. Quando jovem, ele tinha tudo para seguir o mesmo caminho, mas acabou fazendo medicina. A partir de seus conhecimentos em anatomia e biomecânica, criou casacos esportivos de inverno, que prezavam pela funcionalidade e pela mobilidade, eram supercool e conquistaram de cara aventureiros e amigos cariocas e paulistanos. Surgia aí a marca Osklen.

Nesta edição da SPFW, Metsavaht fará um retorno às raízes. Seu desfile, marcado para esta segunda-feira, 13, às 20h, na Bienal, foi inspirado em sua participação na concepção do filme Soundtrack, nas leituras de roteiro e na viagem que fez à Islândia com a dupla de diretores da 300ml e a equipe. Das referências visuais colhidas na paisagem gélida surge uma coleção interessante, que tem muito a ver com as criações que originaram a marca nos anos 1990.

O longa traz Selton Melo no papel principal e Seu Jorge no elenco. A trama gira em torno do fotógrafo que faz autorretratos em um lugar inóspito e, dessa forma, captura o seu estado emocional. Oskar Metsavaht, que há algum tempo investe em trabalhos artísticos, foi convidado justamente para clicar essas imagens. A seguir, ele fala mais sobre as conexões entre a arte e a moda, a febre das selfies e as novidades da coleção.

Você desenvolveu a coleção enquanto participava das filmagens. Como foi a experiência?

Os diretores souberam que eu estava ajudando a conceituar a estação brasileira na Antártica e acharam que minha estética como designer e fotógrafo tinha a ver. Então, me convidaram para clicar as fotos que o protagonista faz no filme, que, na verdade, são selfies.

Esteticamente, qual é a proximidade da coleção com o filme?

A coleção foi inspirada no conceito do filme, na leitura do roteiro, na preparação do personagem. Fiquei muito envolvido. Daí, convidei a minha equipe de estilo para assistir à leitura dos diretores. De certa forma, para mim, o processo de criação do filme é bem parecido com o de uma coleção. Nos dois casos, antes de mais nada é preciso criar um imaginário completo como base.

A viagem à Islândia influenciou bastante a coleção?

Sim. As cores da coleção vieram do pôr do sol de lá. Além do branco, a cartela traz tons de rosa e azul clarinhos. Usei tecidos tecnológicos nos casacos, que lembram roupas de expedição de inverno. Criei uma estampa tipográfica com frases tiradas do roteiro. Os vestidos têm uma modelagem com amarrações que lembram as das tendas. Fiz um casaco que remete a um paraquedas. É uma estética fluida, com proporções largas, golas altas que eu acho que enobrecem o rosto e bastante moletom.

Como foi sua relação com o Selton durante as filmagens?

Foi uma troca incrível. Selton é um grande ator, é muito intenso, estava mergulhado na história. Ele vai se angustiando e você vai junto com ele.

E quanto ao figurino?

O personagem está sempre de moletom da Adidas. Os cashmeres e as peças básicas são nossas. O casaco que ele usa direto também. Mas ele mistura com peças mais esportivas como a Northface, então nem parece tanto da Osklen.

Com as redes sociais, fazer selfies virou mania. O que a selfie representa para você?

A selfie é um reflexo de séculos de história do retrato. Em perspectiva, primeiro vieram as pinturas realistas feitas dos nobres, depois as imagens dos astros de Hollywood, depois o culto às personalidades. Agora, todo mundo quer ter o seu momento de reconhecimento, de estrela. As pessoas criticam a selfie, mas o selfie é cultural, é quase uma necessidade.

O Instagram está transformando a moda?

A gente tem que se arrumar para sair de casa. Queremos que as pessoas nos vejam na rua e entendam quem somos. Isso é moda. Quando você vai a lugares públicos, além de confraternizar, quer ser visto. É por isso que o Instagram está vendendo. Quando posto uma foto, estou pondo ali o meu estilo, o meu olhar. Não é preciso mais nem sair de casa para que as pessoas nos vejam. Falando assim, pode parecer futilidade, mas a verdade é que querer ser visto faz parte do processo de sociabilidade.

Você está otimista com a estratégia do see now, buy now?

Otimista não. Estamos em uma crise. Ninguém está no mood de comprar. As pessoas admiram, mas não estão abertas nem a criar o desejo. De qualquer forma, isso tinha de ser feito. Estamos mais imediatos, mais instantâneos. Se as roupas desfiladas demoram muito para chegar às vitrines, elas ficam parecendo velhas. Cerca de 50% do que vai para a passarela já estará nas lojas.




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