Setecidades Titulo Sistema ferroviário
Aumento de tarifa intensifica venda irregular de bilhetes

Ambulantes aproveitam longas filas em guichês de estações da CPTM para oferecer passagem mais barata

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
29/02/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Quase dois meses após a tarifa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) sofrer reajuste (passando de R$ 3,50 para R$ 3,80), o comércio que oferece passagem do sistema de maneira irregular têm se intensificado no entorno das estações do Grande ABC.

Ao longo da última semana, a equipe do Diário esteve em três estações da Linha 10-Turquesa da CPTM, responsável por atender a demanda de municípios da região e que liga Rio Grande da Serra ao Brás, na Capital. Enquanto em São Caetano o comércio irregular é inexistente, em Santo André e Mauá vendedores tomam conta das calçadas.

Na estação Prefeito Celso Daniel, no Centro de Santo André, vendedores irregulares não temem a presença de posto policial localizado ao lado da parada de trens. Em frente à bilheteria da estação, ambulantes realizam a venda de passagem por meio do Bilhete Único e do BOM (Bilhete de Ônibus Metropolitano).

Por se tratar de passagens provenientes de vale-transporte, a maioria é vendida por preço abaixo da tarifa convencional do sistema. Em Santo André, ambulantes ofereciam a passagem por valores que variavam de R$ 3,50 a R$ 3,75.

Atraídos pelo preço baixo e praticidade, usuários incentivam cada vez mais a irregularidade. Aproximadamente dez pessoas realizam a venda ilegal de passagens na cidade.</CW>

Na quarta-feira, por volta das 17h, o Diário esteve na estação do Centro de Santo André para acompanhar a movimentação de clientes e vendedores. Durante dez minutos, 123 pessoas compraram pelo sistema oficial da CPTM, enquanto outras 37 fizeram a aquisição de passagem pelo comércio irregular, o que equivale a 30% do total de vendas.

“Depois que aumentaram a tarifa, as filas estão muito grandes. Compensa bem mais pegar o bilhete com eles (vendedores irregulares). Primeiro porque você paga mais barato. Além disso, a espera na bilheteria é longa. Enquanto você está na fila, perde, no mínimo, dois trens”, relata a operadora de caixa Danileine Ferreira, 29 anos.

Lei trabalhista de 1985 proíbe o trabalhador de revender o vale-transporte. O desrespeito pode render demissão por justa causa. Além disso, quem pratica essa irregularidade é passível de autuação criminal. O usuário que adquire também pode responder por falsidade ideológica.

Em Mauá, onde longas filas são rotineiras, ambulantes aproveitam para fazer a venda do bilhete de papel por preço superior aos praticados nos guichês da estações. O valor vai de R$ 4 a R$ 4,50. Embora a tarifa seja mais alta, usuários não se incomodam em adquirir a passagem pelo mercado paralelo. “Já cheguei a ficar dez minutos na fila. É um tempo muito grande, por isso eles conseguem vender”, relata a vendedora Jeniffer Paes Buarque, 23.

Em nota, a CPTM informou que realiza constantes fiscalizações nas linhas de bloqueios das estações visando coibir irregularidades, inclusive no uso ilegal de bilhetes. A companhia informou que, com a adoção da nova tarifa, de R$ 3,80, a demanda por troco aumentou, o que vem provocando filas em algumas estações nos horários de maior movimento. Diz ainda que a maioria dos usuários não tem o hábito de trazer moedas para facilitar a compra do tíquete. 




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