Política Titulo São Bernardo
Câmara de São Bernardo aprova 1ª CPI contra governo Marinho

Legislativo autoriza investigação no Imasf, autarquia
que gerencia a assistência médica de servidor público

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
13/08/2015 | 07:00
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Ari Paleta/DGABC


Prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT) viu a oposição ontem emplacar primeira CPI em seis anos e meio de gestão na cidade. A Câmara aprovou ontem instalação de comissão investigativa para apurar conduta do Imasf (Instituto Municipal de Assistência à Saúde do Funcionalismo), que, além de alvo do Ministério Público, perdeu credenciamento de médicos e hospitais, gerando muitos protestos por parte do funcionalismo. A autarquia gerencia assistência médica dos 20 mil servidores públicos.

O pedido de investigação foi protocolado pelo vereador Pery Cartola (SD), que conseguiu reunir dez assinaturas – um terço total dos parlamentares –, conforme prevê a Constituição. Além da bancada de oposição, formada por oito vereadores, Pery conseguiu a adesão dos governistas Antônio Cabrera (PSB) e José Walter Tavares (PCdoB), gerando transtorno a Marinho, que duramente cobrou a base de sustentação, exigindo alinhamento político e articulação entre Legislativo e Executivo (leia mais abaixo).

A sessão foi marcada por forte tensão e protestos de aproximadamente 50 servidores que compareceram às dependências da Casa. O grupo proferiu gritos e vaias contra governo petista, o Imasf e o seu presidente atual, Valdir Miraglia. Os manifestantes cobraram individualmente todos os 28 parlamentares, pedindo assinatura ao pedido de CPI.

“Na verdade, esse processo de degradação do Imasf vem ocorrendo desde novembro, quando um conveniado, com um problema no coração, tentou atendimento no Hospital Brasil (em Santo André) e não conseguiu. Foi informado a ele (paciente) que a unidade se descredenciou do Imasf por problemas de pagamentos. O Imasf estava cobrando (desconta em folha o convênio) e oferece serviços do SUS (Sistema Único de Saúde)”, alegou Pery.

A aprovação de CPI expõe fragilidade do governo Marinho com a base de sustentação. No passado, a oposição havia tentado viabilizar apuração de assuntos mais polêmicos, como compra de uniformes e distribuição de merenda, mas sem jamais obter êxito.

“Foi um momento histórico. E, aproveitando essa fragilidade do governo com a base aliada, foi possível emplacar essa maior vitória que tive como vereador”, adicionou Pery.

JUSTIFICATIVA
Tavares esclareceu que seu voto foi definido de maneira pessoal. “Tenho cinco mandatos nesta Casa. O Imasf vem ruim e não é de hoje. Precisava ser feito algo”, comentou.

Presidente do Legislativo, José Luís Ferrarezi (PT) minimizou impacto da CPI, garantindo “que não fará manobra” para atrapalhar trabalhos. Porém, criticou a oposição. “Foi uma precipitação do Pery, espécie de palanque político. O período é propício para esse tipo de movimentação”.

Prefeito faz duras cobranças a Zé Ferreira e José Albino

A vitória da oposição na Câmara de São Bernardo foi mal digerida pelo prefeito Luiz Marinho (PT), que cobrou duramente os vereadores da base de sustentação.

Comenta-se pelos corredores do Paço que o chefe do Executivo ficou muito irritado com os parlamentares que não conseguiram inviabilizar o pedido de CPI do Imasf proposto pelo oposicionista Pery Cartola (SD).
A principal bronca de Marinho aponta para falha de articulação na Casa, que deveria estar no controle do líder de governo, vereador José Ferreira (PT). Outro descontentamento teria sido direcionado ao secretário de Governo, José Albino (PT), que não tem conseguido unir discurso dos 20 vereadores da base de sustentação.

No Legislativo, a articulação governista vem apresentando falhas. A primeira perda ocorreu em abril, quando nove parlamentares da base criaram grupo independente. Anunciaram continuidade na governabilidade petista, mas se desligaram das regras da bancada do PT na Câmara.

Na semana passada, houve a primeira irritação da cúpula do Executivo com a bancada governista. A secretária de Habitação, Tássia Regino, cobrou duramente os parlamentares da base após o oposicionista Marcelo Lima (PPS) emplacar requerimento de informações em sua Pasta.

O documento foi avalizado em acordo de lideranças e cobra série de questões da titular do governo sobre contratos firmados por empresa ligada a ela com a administração petista.

Ao tomar posse do Executivo são-bernardense em janeiro de 2009, Marinho se deparou com quadro dividido – na ocasião a Casa era composta por 21 legisladores. No entanto, nenhum pedido de CPI esteve próximo de aprovação.

Já no segundo mandato, o prefeito petista seguiu soberano até o fim do ano passado, quando nem mesmo requerimentos de informações por parte da oposição eram aprovados. 




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