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Editorial: O temor cresce
Da Redação
07/03/2015 | 00:21
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Desde o começo de fevereiro, 600 trabalhadores que atuavam na Volkswagen, em São Bernardo, aderiram ao PDV (Programa de Demissão Voluntária). Pergunta-se: por que, em tempo de recessão econômica, tanta gente opta por abandonar a tranquilidade proporcionada pela carteira assinada e mergulha no incerto mundo do desemprego? A resposta, infelizmente, não é de bom agouro.

A verdade é que a situação na indústria anda tão periclitante que se o funcionário não se decidir pela saída espontânea, vinculada a prêmios de incentivo, ele pode acabar perdendo o emprego nos cortes em massa que as montadoras certamente devem fazer neste ano. Se os estoques não escoarem, haverá dispensa de recursos humanos.

O prognóstico negativo não é, evidentemente, o que este Diário esperava estampar em suas páginas. Pelo contrário. A torcida era a favor da indústria e da manutenção dos funcionários nas empresas. Mas a situação da economia nacional degringolou a tal ponto que é impossível fechar os olhos ao tsunami que se aproxima, ameaçando engolir justamente um dos principais pilares de sustentação do Grande ABC, qual seja, a indústria automotiva.

Com vendas em queda nas concessionárias, que andam às moscas, as companhias desaceleraram suas linhas de produção. Férias coletivas, programas de queima de banco de horas e lay-offs foram anunciados para evitar demissões. Mesmo assim, os estoques não diminuíram. Não há dúvidas de que as montadoras se decidirão pelo corte de empregos antes que a crise atinja a contabilidade ou os lucros dos acionistas. É a lógica do mercado.

Infelizmente, o Brasil não aproveitou os anos de bonança para criar política industrial capaz de evitar o desemprego em época de recessão. Agora, como sempre ocorre, a corda tende a arrebentar do lado mais fraco. E feliz do funcionário que tiver à disposição plano de demissão voluntária que permita, com o bolso cheio, buscar alternativa de sobrevivência. 




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