Principal promessa de campanha do prefeito reeleito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV) - com uma página em seu plano de governo - o projeto da futura integração entre ônibus e trem no município não depende absolutamente nada da administração municipal.

Apesar de a idéia servir de palanque do político durante o período eleitoral, a CPTM nega que haja qualquer estudo sobre a integração entre os passageiros de trem e ônibus no município. Confirma apenas que a reforma da estação faz parte dos "projetos futuros".

Indagado sobre a propagada idéia que não tem o aval de quem, de fato, poderia executar a obra, Volpi demonstrou irritação: "O plano de governo é meu. Coloco nele o que eu quiser. As pessoas só podem me questionar depois dos meus próximos quatro anos de governo. Eu estou arriscando e assumo o risco".

Ainda assim, mesmo sem qualquer avanço prático, ele acredita que a obra estará concluída até 2012, último ano de sua próxima gestão. "É um projeto em longo prazo do Estado, em parceria com os municípios", disse o prefeito.

Apesar disso, Volpi acredita não ter exagerado nas propostas de campanha, compiladas nas 34 páginas de seu plano de governo. "Prometi apenas o que será possível cumprir.Tudo o que está no meu plano de governo será realizado", promete novamente.

Rodoviária - Além da integração na área de transportes, Volpi fala da conclusão da rodoviária municipal, inicialmente programada para este ano.

A previsão agora é que comece a funcionar entre janeiro e março. Com a construção, avaliada em R$ 5 milhões, o prefeito de Ribeirão Pires acredita que sanará grande parte dos problemas de transporte público na cidade.

"Com a nova rodoviária funcionando, vamos poder ampliar o número de linhas de ônibus e quantidade da frota para diminuir o tempo de espera e a lotação". Ele também prevê a possibilidade de alteração de alguns itinerários. "Pedimos para as empresas que operam o transporte na cidade fazer estudos das linhas novas para que os veículos não fiquem dando voltas."

Saúde - Na área da Saúde, a principal promessa de Volpi é a a entrega do Centro Hospitalar. Iniciada em junho deste ano, o prédio deve ser entregue em janeiro de 2010 se os 18 meses de prazo forem respeitados.

Considerada "questão de honra" para o chefe do Executivo, a unidade médica funcionará na Estrada da Colônia. Com 82 leitos projetados, substituirá o atual hospital São Lucas que, segundo o prefeito, será transformado em maternidade até 2012.

"O novo hospital será fundamental para a melhoria dos serviços de saúde oferecidos pelo município. O São Lucas não comporta o número solicitado de atendimentos. Ele não foi projetado para isso".

A estimativa da Prefeitura é que a parte física do hospital custe R$ 8 milhões. Metade do valor - R$ 4,7 milhões - está sendo repassada pelo governo Estadual. Os outros R$ 3,3 milhões sairão dos cofres municipais. O montante será utilizado para a construção dos ambulatórios, centro cirúrgico, laboratório de análises clínicas, quarto de UTI e maternidade. Os gastos com a compra de equipamentos não estão inclusos. "Quando estivermos mais próximos da inauguração, vamos fazer a cotação de preços", assegura.

Sem dar detalhes de valores e de prazos, o chefe do Executivo também promete aumentar o número de médicos e melhorar os salários dos profissionais. Ele garante que ainda não fez isso por incapacidade de arcar com estes custos. "Deve ser uma readequação paulatina."

Saúde, Transporte e Habitação são os desafios do prefeito

Com orçamento pouco acima dos R$ 108,7 milhões de 2008 e dívidas controladas, o prefeito reeleito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV) terá como desafio melhorar a qualidade da Saúde, Transporte e Habitação, considerados pela população os temas mais importantes.

A Saúde é um dos principais problemas. A cidade possui 107,4 mil habitantes que são atendidos por 159 médicos. O Hospital São Lucas é o único hospital municipal e não possui UTI. São 46 leitos para internação, número que deverá ser ampliado para 82 com inauguração do Centro Hospitalar em 2010. A saúde preventiva, como PSF (Programa Saúde da Família), do governo federal, começou a ser implantada apenas neste ano e possui cerca de 60 agentes comunitários.

Ouro fino - Por ser uma região extensa, moradores dos bairros mais afastados do Centro - como o distrito de Ouro Fino - ainda carecem de serviços do poder público, principalmente na área de Transporte.

As principais reclamações são a demora entre um ônibus e outro, a falta de conforto e a sujeira dos coletivos. Para sanar os problemas, o chefe do Executivo aposta na nova rodoviária. Ele garante que com ela, virão a ampliação das linhas, a mudança de itinerários e o acréscimo de veículos na frota. "A atual rodoviária não comporta estas mudanças", alega Volpi.

A localização da cidade em área 100% protegida pela lei estadual de mananciais - que proíbe a ocupação desordenada, especialmente nas margens da Represa Billings - não foi suficiente para impedir que 2.400 pessoas ocupassem áreas irregulares e sem infra-estrutura. Faltou fiscalização.

Segundo Clóvis Volpi, a lei dificulta a elaboração de políticas públicas para a Pasta. É preciso de autorizações ambientais para que qualquer construção ‘vá para a frente'. O plano de governo do prefeito não contempla propostas para a Pasta.

Prefeituráveis chegaram a garantir Metrô na região

Não foi apenas o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), que fez promessas com ações que dependem exclusivamente dos recursos oriundos dos governos do Estado ou federal.

Em Mauá, todos os candidatos se aproveitaram de suas relações partidárias para divulgarem propostas ou que já estão em andamento ou que precisam de um estudo maior por parte do governador José Serra (PSDB) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O petista Oswaldo Dias, que venceu a eleição, prometeu a instalação de um campus da UFABC (Universidade Federal do ABC) na cidade, mesmo após o presidente ter se comprometido a instalar a unidade escolar no município. A ‘idéia' fez parte do chamado Plano 13, um resumo das promessas de campanha do então candidato.

Oswaldo também falou que levaria para Mauá uma unidade do Poupatempo. Mas, meses antes, a deputada estadual Vanessa Damo (PV) - filha do prefeito Leonel Damo (PV), adversário ferrenho de Oswaldo - já havia obtido o compromisso do governo estadual de instalar o posto de serviços. A implementação já está em estágio avançado. Também incluiu em seu Plano 13 obras de duplicação da Avenida Papa João Paulo 23, que já estão sendo feitas por conta do impacto do Trecho Sul do Rodoanel.

Então no PSDB (hoje sem partido), o ex-prefeiturável Diniz Lopes também se valeu de sua condição de correligionário do governador para garantir que programas ou serviços do governo estadual teriam espaço em Mauá.

Chiquinho também não desperdiçou a oportunidade. O socialista afirmou que, por pertencer ao partido que integra a base de apoio do presidente Lula e do governador José Serra, seria o único a conseguir trazer os recursos do Estado e da União para Mauá.

Em Diadema, também houve caso de promessa feita com ‘chapéu' da administração estadual. O deputado estadual José Augusto da Silva Ramos (PSDB) - que perdeu para o petista Mário Reali - chegou a garantir que, se vencesse a eleição, o município teria mais chances de receber uma linha do Metrô. Mas a iniciativa está bem longe do planos da companhia estadual.