Economia Titulo Cenário
Saldo de vagas
na região cai 80%

No ano passado foram contratados 11.625 profissionais; em
2010, montante era de 57.234, segundo Ministério do Trabalho

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
24/09/2012 | 07:00
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O Grande ABC gerou 11.625 empregos em 2011 - o saldo é a diferença do resultado do número de contratados (21.578) menos o total de demitidos (9.953). O volume é 80%, ou quatro vezes, menor do que o montante gerado em 2010: 57.234. Isso é o que informa a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), que tem como base os dados repassados mensalmente pelas empresas que registram com carteira assinada seus funcionários. As informações foram elaboradas pelo Dise (Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos) da Prefeitura de Santo André.

A taxa de crescimento do emprego na região no ano passado foi de 1,5%, a segunda pior dos últimos dez anos - só não perde para a registrada em 2009, ano da crise econômica, em que o percentual atingiu 1%. Em 2010, para se ter ideia, a expansão foi de 7,7%.

O setor com melhor desempenho em 2011, que gerou quase a metade das vagas, foi o comércio, com 5.681 pessoas empregadas (48% do total). A força motriz da geração de trabalho nas sete cidades vem sendo, no entanto, desde o início dos anos 2000 (quando as indústrias passaram a terceirizar parte de suas atividades), o segmento de serviços. Porém, com a inauguração do ParkShopping São Caetano e a entrega da expansão do Shopping Metrópole (480 postos), ambos em novembro, muita gente conseguiu emprego no comércio e o cenário, temporariamente, mudou.

Segundo o economista Dalmir Ribeiro, diretor do Dise, o faturamento do comércio em São Caetano, impulsionado pelo shopping de grande porte, atingiu R$ 644 milhões em 2011, 36% a mais do que em 2010. "O crédito foi muito favorável ao consumo no ano passado", disse. E o crescimento não parou por aí: de janeiro a julho deste ano a receita dos lojistas já chegou a R$ 560 milhões.

O ramo de serviços figurou como o segundo setor que mais contratou no ano passado, com 3.147 profissionais (27%). A indústria foi responsável por empregar 3.025 pessoas (25%). Na outra ponta, a construção civil fechou 2011 com saldo negativo de 189 trabalhadores.

Na análise individual por subsetores, o destaque ficou por conta de um ramo que pertence ao segmento de serviços: alojamento (que aborda hotéis e motéis) e alimentação (restaurantes), que admitiu 4.443 profissionais. Na sequência, aparecem comércio varejista (3.550), material de transporte, que engloba montadoras de veículos e fábricas de autopeças (3.011), comércio atacadista (2.131) e ensino (1.874). Dentre os destaques dos que mais demitiram, configuram transporte e comunicações (-3.225), indústria química (-1.037), borracha, fumo e couros (-743) e indústria metalúrgica (-622).

"A indústria química, com forte presença em Santo André por conta do polo, sofreu muito com a concorrência dos itens importados. Por isso o governo decidiu, no início deste mês, elevar a taxa de importação, que subiu principalmente para os produtos petroquímicos. Esperamos que essa medida ajude o setor", afirmou.

ESCOLARIDADE - Do saldo de 11.625 trabalhadores admitidos em 2011 (e levando em conta aqueles que foram demitidos), 14.903 tinham Ensino Médio completo e 5.248, Ensino Superior completo, o que indica a qualidade dos postos de trabalho. Dentre os demitidos, 4.072 tinham o Ensino Fundamental completo e, 3.583, da 6ª à 9ª série do Fundamental.

Em relação à faixa etária dos contratados, 5.943 tinham de 30 a 39 anos; 5.896, de 50 a 64 anos; e 3.506, de 40 a 49 anos. Dos que foram mandados embora, 2.475 tinham entre 18 e 24 anos e 2.347, entre 25 e 29 anos.

Estoque de trabalhadores chega a 809,9 mil

Apesar de a taxa de crescimento do Grande ABC ter sido a segunda menor dos últimos dez anos, com 1,5%, o volume de pessoas que trabalha nas sete cidades é o maior desde 2002. O ano passado foi encerrado com 809.970 profissionais em atividade, 11.625 a mais do que em 2010. O estoque em 2002 era de 544.718 empregados.

A maioria, 292.666 pessoas, trabalha em São Bernardo. Santo André é a segunda cidade que mais emprega na região, com 192.271. As empresas de São Caetano dão trabalho a 116.120 profissionais e as de Diadema, a 113.812. Em Mauá, são 68.619; em Ribeirão Pires, 22.370 e em Rio Grande da Serra, 4.112.

Na análise por setor, as companhias de serviços são as que mais empregam quem trabalha nos sete municípios: 363.804 pessoas, 45% do total. A indústria responde por 33%, com 264.827 trabalhadores, e o comércio, por 17%, com 140.539. A construção civil dá serviço a 40.420 profissionais.

Considerando os sub-setores, do estoque de 809.970 empregados, 119.332 estão no setor de administração técnica profissional (serviços), o que inclui as áreas do setor administrativo das companhias, como almoxarifado, comercial, marketing e financeiro. No comércio varejista estão trabalhando 116.521 pessoas. Em material de transporte, que engloba montadoras de veículos e fábricas de autopeças, estão 79.447 profissionais e, em alojamento (que aborda hotéis e motéis) e alimentação (restaurantes), 74.456.

A metade dos trabalhadores (404.419) tem Ensino Médio completo e 113.188 possuem Superior completo. O terceiro maior contingente de profissionais, com 93.846, tem Ensino Fundamental completo. Ou seja, para trabalhar nas sete cidades, exige-se maior escolaridade. Quase 30% dos profissionais da região (235.140) têm entre 30 e 49 anos. Mais de 21% (172.676) possuem entre 40 e 49 anos e mais de 18% (148.329) têm de 18 a 24 anos.

Salário médio no Grande ABC é de R$ 2.220

O profissional que trabalhou nas empresas do Grande ABC recebeu, em 2011, salário médio de R$ 2.200. O setor que melhor remunerou seus trabalhadores foi a indústria, com R$ 3.224. Segundo o diretor do Dise (Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos) da Prefeitura de Santo André, o economista Dalmir Ribeiro, pelo fato de a indústria ser o segmento onde se tem emprego qualificado e se pagam salários maiores, o governo não está dando a devida atenção. "A atitude do governo é complacente com a indústria, que há anos está mal das pernas. As vagas no setor da região estão diminuindo cada vez mais por conta da forte e desleal concorrência com os importados, as taxas de juros, que ainda estão altas, e a pesada carga tributária", disse.

Na sequência, dentre os segmentos que melhor pagaram seus funcionários, destacam-se administração pública, com R$ 2.780, e serviços industriais de utilidade pública, com R$ 2.167. Quem trabalhou em serviços recebeu, em média, R$ 1.686 e, no comércio, R$ 1.471.

Quanto à massa salarial (relação entre salário médio e total de trabalhadores por setor), o volume recebido no ano passado chegou a R$ 23,4 bilhões, sendo que quase a metade (48%), R$ 11,1 bilhões, foi paga pela indústria. "Para se ter ideia do peso da indústria para a região, no restante do País esse percentual é de 15%", comparou Ribeiro.

Serviços responderam por 37% do montante recebido pelos profissionais das sete cidades, com R$ 8,7 bilhões e, o comércio, por 11%, com R$ 2,6 bilhões. A construção civil atingiu 4%, com R$ 882,1 milhões.

 

 




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