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Dieese: desemprego com arrocho salarial é trágico
Do Diário do Grande ABC
02/09/2000 | 14:12
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Os ganhos de produtividade adquiridos pelas empresas brasileiras ao longo da década resultaram de uma combinaçao trágica, segundo o Departamento de Estatísticas e Estudos Intersindicais (Dieese). Foram sustentados pelo aumento dos índices de desemprego e pela queda da renda dos trabalhadores.

Solange Sanches, coordenadora de pesquisas do Dieese, lembra uma pesquisa da Organizaçao Internacional do Trabalho (OIT), que mostrou que a produtividade das empresas brasileiras cresceu 35% ao longo da década de 90, mas que nao foram repassadas ao empregados.

Sem benefícios - "Os trabalhadores nao receberam os benefícios dos ganhos de produtividade, a nao ser de uma maneira muito indireta através da estabilidade dos preços da economia. Mas preço estável nao quer dizer preço em queda", diz Solange. De acordo com a economista, a pergunta a ser feita é: com quem ficaram esses ganhos? A resposta, segundo ela, é óbvia: com os empresários, em forma de lucros.

Antônio Carrara, diretor da Federaçao Unica dos Petroleiros (Fupe), que reúne 20 sindicatos do país, exemplifica. "Em 10 anos, a Petrobras reduziu de 66 mil para 34 o número de funcionários diretos. A empresa, que tem previsao de lucro de R$ 10 bilhoes para 2000, no ano passado concedeu reajuste de 3,5% quando a inflaçao no período de um ano até a nossa data-base, foi de 6%, medida pelo Dieese", afirma Carrara. Procurada, a Petrobras disse que nao dá declaraçoes durante a negociaçao salarial.

Os bancários também têm números em punho para descrever o cenário. "Em 1989, éramos um milhao de bancários no país. Hoje somos 430 mil. Os grandes bancos, que lucravam em média R$ 120 milhoes no início da década, já conseguiram lucros de até R$ 900 milhoes no último ano", afirma Luiz Cláudio Marcolino, secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Sao Paulo.

O fato de ter um resultado bom num ano específico nao justifica repasse fixo para os salários, segundo Magnus Apostólico, superintendente de Relaçoes com o Trabalho da Federaçao Nacional dos Bancos (Fenaban). "Os bancos têm optado por dar uma participaçao nos lucros. Se o resultado da empresa é bom, é divido entre os trabalhadores e se nao é, também", afirma Apostólico.




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