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Melhora água de braço da Billings
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
24/03/2005 | 13:23
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A qualidade da água que chega à torneira de boa parte do Grande ABC melhorou em 2004. De acordo com um estudo da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), o índice de qualidade no sistema Rio Grande, que a partir de um braço da represa Billings abastece 1,2 milhão de moradores de São Bernardo, Diadema e parte de Santo André, teve um salto de 74 pontos em 2003 para 77 no ano passado.

A contagem vai de zero a 100 e leva em consideração variáveis físicas, como turbidez da água e temperatura; variáveis químicas, como pH, metais pesados e óleos; e, por fim, as variáveis biológicas, como coliformes e decomposição de plantas. A evolução em três pontos no comparativo entre 2003 e 2004 só reforça a classificação geral da qualidade da água do sistema Rio Grande, na Billings, considerada boa há dois anos consecutivos. A classificação coloca a água captada na represa próxima de ótima, avaliação para notas acima de 80 pontos.

Mas se a água captada no sistema Rio Grande está melhorando de qualidade, a do sistema Cantareira, que abastece moradores de São Caetano e uma parte de Santo André – e mais de 8 milhões de pessoas na Grande São Paulo – caiu de 85 pontos, que a classificava como ótima, para 72. Apesar da queda, a água do reservatório ainda é classificada como boa.

Outros dois sistemas de captação de água que abastecem o Grande ABC, o Rio Claro (que leva água para Mauá, Ribeirão Pires e o restante de Santo André) e o Ribeirão da Estiva (que alimenta Rio Grande da Serra). Os dois não foram analisados pela Cetesb. "São reservatórios que ainda estão preservados", diz o gerente da Cetesb, Nelson Menegon Júnior.

O mesmo não ocorre com o sistema Rio Grande e Cantareira. Ao redor dos dois reservatórios, formaram-se bairros. Com o adensamento populacional, configuram-se os problemas. Primeiro vem a degradação da mata. Com a manipulação no entorno da represa, toda vegetação é devastada. Como as áreas são isoladas, em muitos casos não há rede domiciliar de esgoto, que segue in natura à água.

"Hoje, esgoto é de longe o maior vilão da qualidade da água em todo Estado", diz o gerente da Cetesb Nelson Menegon, um dos realizadores do estudo feito pela companhia. Segundo o relatório da Cetesb, apenas 39% do esgoto domiciliar que é despejado hoje nos reservatórios de São Paulo passa por tratamento. A maior parte, 61%, é jogado diretamente para rios e represas, sem qualquer tipo de tratamento.

Em 2003, essa relação foi ainda pior. Apenas 37% do esgoto passava por tratamento, dois pontos percentuais a menos que no comparativo com o ano passado. Com relação à represa Billings, que estende seus braços ao redor de cinco das sete cidades do Grande ABC – apenas São Caetano e Mauá não são banhadas por suas águas –, um fator pode se tornar mais preocupante que o despejo de esgoto.

São os metais pesados que estão agregados ao sedimento que constitui o fundo da represa, em especial o mercúrio. "Hoje, essas substâncias estão depositadas no fundo da represa e não representam um risco ao consumo humano. Problemas podem aparecer somente caso o fundo do reservatório seja remexido. Dessa forma, pode se soltar e contaminar a água", afirma o gerente Nelson Menegon.

Essa manipulação do solo contaminado deve acontecer dentro de pouco tempo, com a construção de uma ponte sobre o braço Rio Grande da Represa Billings, previsto no projeto de 53 quilômetros do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas. "Essa contaminação da água, no entanto, não a inviabilizará para o consumo, apenas reduzirá seu índice de qualidade. Ela poderá ser purificada em estações de tratamento", diz Menegon.

Prainhas – O estudo técnico elaborado pela Cetesb sobre a qualidade das águas no Estado também avaliou a balneabilidade das prainhas nas represas de São Paulo. Na Billings, oito pontos foram avaliados (confira quadro ao lado). Destes, apenas dois foram considerados ótimos: as prainhas do Parque Municipal do Estoril e do Clube de Campo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ambas em São Bernardo.

Todas as medições de balneabilidade realizadas nestes dois pontos, em 2004, consideraram as prainhas próprias para banho. As outras seis prainhas da represa não tiveram o mesmo índice. Todas foram consideradas impróprias, pelo menos em uma medição. No entanto, estavam em condições adequadas durante a maior parte do ano. No comparativo com 2003, os dados não se alteram.




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