Setecidades Titulo Dados
Doenças cardíacas causam 16 internações por hora no Grande ABC

De janeiro a julho, 81.075 moradores foram hospitalizados na região, alta de 20,3% ante 67.354 de 2009

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
29/09/2019 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


É crescente o número de pessoas que são submetidas a internações devido a doenças cardíacas, como infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e transtornos de condução e arritmias cardíacas no Grande ABC. Dados do DataSUS mostram que de janeiro a julho deste ano, 81.075 pessoas foram hospitalizadas, média de 16 internações por hora. No mesmo período, foram 4.093 óbitos hospitalares por essas causas. Os números mostram aumento de 20,3% nas internações e de 26,8% nas mortes, na comparação com o mesmo período de 2009 (veja todos os dados na tabela).

As doenças cardíacas são causadas por diversos fatores, entre eles, hereditários (quando as pessoas têm a doença e passam para os descendentes), congênitos (como má-formações) ou pelos chamados fatores de risco, como tabagismo, má alimentação e sedentarismo. Hoje, 29 de setembro, é o Dia Mundial do Coração, e a data visa alertar sobre a necessidade de prevenção.

O professor de cardiologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) José Luís Aziz explica que o número de pacientes cardíacos vem aumentando no Brasil e no mundo, e que a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) estima que até 2040 haja aumento que pode chegar a 250% no total de afetados por esse tipo de doença. “Entre as mulheres, o infarto mata mais do que todos os cânceres femininos”, destaca.

O especialista aponta que o grande número de internações e mortes é resultado das falhas no controle dos fatores de risco, como colesterol alto, hipertensão e diabetes. “Nos últimos anos, pesquisas têm mostrado também a influência das doenças emocionais, como depressão, ansiedade e estresse, como agravantes e até causadoras dessas enfermidades”, pontua Aziz. A única cidade da região a apresentar queda nas internações é São Caetano, município com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País.

“A alta demanda de trabalho obriga as pessoas a se alimentarem mal, em fast foods, e que dediquem pouco tempo às atividades físicas. No outro extremo, o avanço do desemprego e a mudança no perfil da região, que passou de um polo industrial para celeiro de serviços, também exerce muita pressão sobre as pessoas”, cita.

O médico relata que, normalmente, as doenças cardíacas são assintomáticas e que apenas a atuação preventiva pode ser capaz de evitar suas complicações. “Normalmente, a partir dos 40 anos, as pessoas devem passar ao menos uma vez por ano com um cardiologista. No caso daqueles que se enquadram no chamado grupo de risco, ou seja, com histórico de casos na família ou com maus hábitos, como fumantes, sedentários e obesos, o acompanhamento deve ser a partir dos 35 anos”, detalha.

Após a menopausa, as mulheres devem ter especial atenção às doenças cardíacas. Isso porque é drástica a queda de produção de estrógeno, hormônio que atua como protetor natural das artérias. “A reposição sintética se mostrou ineficaz para essa proteção, por isso é preciso que as pacientes do sexo feminino redobrem os cuidados”, conclui.

Outro fator que contribui para as internações e óbitos é a baixa aderência aos tratamentos dos fatores de risco, como controle da pressão, do diabetes e do colesterol. “As pessoas precisam identificar quais são as suas metas dentro desses indicadores, considerando sua idade e os riscos associados”, finaliza.

Hospital é pioneiro em tratamentos para arritmia

O Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, em Santo André, é pioneiro na região em tratamentos para arritmia cardíaca, que provoca alteração na geração ou na condução do estímulo elétrico do coração e pode provocar modificações no funcionamento do órgão. O equipamento de saúde oferta dois novos procedimentos cirúrgicos, que proporcionam melhor qualidade de vida aos pacientes acometidos pela enfermidade. As técnicas ainda não estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde).

Os procedimentos para o tratamento e a prevenção, que se baseiam no estímulo elétrico para correção dos batimentos, vêm evoluindo ao longo dos anos, com a utilização de novas técnicas e dispositivos. Um deles é o “implante de cardiodesfibrilador subcutâneo”, uma espécie de marcapasso que previne a morte súbita por arritmia, colocado sob a pele. Isso evita a necessidade de utilização de eletrodos dentro do coração, como ocorre com marcapasso convencional, que pode levar a problemas de curto prazo, como o deslocamento do dispositivo, ou de médio e longo prazos, como as infecções e disfunções cardíacas.

O cardiologista Wallyson Pereira Fonseca explica que, por ser uma técnica relativamente nova, ainda não existem estudos sobre o incremento de sobrevida aos pacientes, mas atesta que a prevenção à morte súbita é um dos principais benefícios da intervenção. “A proteção se dá tanto em nível primário, aos pacientes que ainda não tiveram a arritmia ou a parada cardíaca, bem como para aqueles que já passaram pelos eventos”, detalha.

“Os resultados são promissores quanto à recuperação da função cardíaca e, consequentemente, à melhora de sintomas e da qualidade de vida”, avalia o cardiologista. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;