Avioes e navios da Otan (Organizaçao do Tratado do Atlântico Norte) bombardearam nesta quarta supostas posiçoes do Exército da Iugoslávia na Sérvia e na regiao de Kosovo. Os ataques, que começaram por volta das 16h (horário de Brasília), sao em represália à recusa do presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, de assinar um acordo de paz com os separatistas muçulmanos de origem albanesa, que formam 90% da populaçao de Kosovo. Os rebeldes já assinaram o documento, que lhes garante autonomia.

Foi o primeiro ataque da Otan contra um país soberano nos 50 anos de existência da organizaçao. As capitais da Iugoslávia, Belgrado, e da província de Kosovo, Pristina, também foram alvos das bombas. Segundo analistas militares, os ataques podem se prolongar por 15 dias.

O Pentágono (Quartel-General do Exército dos EUA) confirmou a derrubada de um caça Mig da Força Aérea da Iugoslávia e afirmou que nenhum aviao aliado foi atingido pela defesa aérea. Os sérvios dizem que dois caças da Otan foram derrubados. Mais de 100 mísseis podem ter sido lançados contra bases iugoslavas. O governo de Milosevic comunicou que "dezenas de civis" morreram nos bombardeios.

O presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, fez dois pronunciamentos nesta quarta. Ele culpou Milosevic pelos ataques e disse que os bombardeios também servem para demonstrar a determinaçao da Otan em opor-se à violência e limitar a capacidade militar da Iugoslávia.

As forças ocidentais usaram pela primeira vez o B-2, aviao cujo formato das asas e tinta especial impedem a detecçao por radares inimigos. Também participaram da açao oito bombardeiros B-52, que partiram da Gra-Bretanha, e caças F-16, F-18 e EA-6B, que decolaram da base de Aviano, na Itália.

A Otan conta com cerca de 400 avioes, postos à sua disposiçao pelos EUA, Gra-Bretanha, Itália, Holanda e Alemanha - 5 dos 19 países que integram a aliança e apoiaram, por unanimidade, o ataque.

A Rússia, tradicional aliada dos sérvios, reagiu com indignaçao aos ataques. O presidente Boris Yeltsin afirmou que o país vai "rever suas relaçoes com a Otan". O premiê Ievgueni Primakov chegou a ameaçar deslocar armas nucleares táticas para a Bielorússia.