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Sto.André figura entre maiores evoluções no Ideb do Estado

Ayrton Senna da Silva está entre as três escolas com avanço mais significativo do índice no período de dez anos

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
04/09/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 A Emeief (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental) Ayrton Senna da Silva, no Jardim Cecília Maria, em Santo André, está entre as três escolas do Estado de São Paulo que apresentaram as maiores evoluções no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) entre 2007 e 2017 no primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). A unidade saltou da nota 1,5 para 6,1 no período – a meta para o ano passado era 4,9.

Com 210 alunos, 80 da Educação Infantil (de 3,5 a 5 anos) e 140 do Ensino Fundamental (de 6 a 10 anos), a escola tem apostado na leitura diária, no uso de todos os espaços da unidade escolar e no engajamento da equipe e da comunidade para obter bons resultados. “Entendo que (o indicador) vem do envolvimento dos professores, da parceria afinada com a comunidade, que facilita o nosso trabalho”, explicou a diretora Ana Luiza Lorenzini, que está à frente da unidade desde 2013.

“A leitura diária faz parte do projeto da escola e é incentivada por todos os professores, com os alunos levando livros para casa aos fins de semana. A exploração dos espaços da escola, com aulas de Matemática no pátio, para medir as distâncias, ou o cultivo da horta educativa, são exemplos de atividades adotadas na rotina escolar para além das quatro paredes da sala de aula”, citou. “Educação Infantil é o alicerce da construção do conhecimento. Se não é bem alicerçado, com certeza, não chego no 5º ou nos anos seguintes como deveria ser. Quando a gente tem esse investimento, o resultado vem a longo prazo”, ressaltou.

A unidade mantém ativos os conselhos mirim e escolar. “Temos 20 crianças no conselho mirim, que são eleitos anualmente e elencam os temas que são de interesse da escola. Esse protagonismo influencia no aprendizado, eles zelam mais pelo espaço e a maioria realmente se envolve”, detalhou a diretora.

Integrante do conselho escolar há dois anos, a dona de casa Glaucia Monique Zaratini, 33 anos, é mãe do pequeno Miguel, 5. “Acho essa participação importante. Quero ver a minha escola crescer e saber como está o ensino. Aqui o conselho tem voz nas decisões”, relatou.

GRANDE ABC

Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, todas as redes do Grande ABC apresentaram resultados positivos e superaram as metas (veja os dados na tabela abaixo). Entre as unidades municipais, o maior avançou foi o de Ribeirão Pires, que passou de uma nota 6,3, em 2015, para 7, em 2017, atingindo a meta estabelecida para 2021.

A secretária de Educação do município, Flavia Banwart, destacou que a atual gestão encontrou problemas estruturais e realizou diagnóstico da situação educacional, identificando a necessidade de se ter suporte pedagógico e formação continuada para professores e gestores. “Fomos em busca de parcerias e pudemos fazer isso sem onerar o poder público. O Instituto Ayrton Senna foi um desses parceiros e trabalhamos com foco na alfabetização na idade certa. Implantamos o programa Gestão de Acompanhamento da Alfabetização e já triplicamos o número de alunos atendidos em 2018 (de 489 para 1821)”, pontuou.

Feliz com o desempenho obtido, a secretária destaca, entretanto, que a intenção é melhorar, agora, os resultados dos anos finais (do Ensino Fundamental), focando a formação integral”, concluiu.

OUTRAS CIDADES

São Bernardo destacou que a evolução no Ideb mostra que a Educação mantém crescente, “confirmando a qualidade das equipes pedagógicas e escolares”. No entanto, considera que as ações da atual gestão estarão refletidas na próxima avaliação.

A Prefeitura de Mauá informou que faz análise positiva dos dados e que, há um ano e meio, vem desenvolvendo ações para a correção das defasagens na aprendizagem dos alunos. A administração citou reforço escolar no contraturno e formação dos professores como medidas adotadas.

As outras prefeituras não se manifestaram sobre os indicadores até o fechamento desta edição.

Segundo ciclo do Fundamental avança, mas não atinge meta

Os anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) das redes públicas no Grande ABC – municipal e estadual – apresentaram avanços no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em 2017 (veja dados na tabela ao lado), porém, não alcançaram a meta estipulada pelo MEC (Ministério da Educação) para o período.

O cenário regional se assemelha ao nacional, onde apenas oito Estados alcançaram a nota estipulada. Sem atingir a meta, o Estado de São Paulo figura entre as unidades da federação com melhor resultado para a avaliação do Fundamental 2.

O Ideb é utilizado para medir o desempenho do sistema educacional brasileiro e combina resultados obtidos pelos estudantes na proficiência em Português (leitura) e Matemática (solução de problemas) e a taxa de aprovação.

O coordenador do Observatório de Educação do Grande ABC da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Paulo Garcia, destacou que, mesmo sem atingir as metas, os dados da região são positivos. “Vínhamos de um cenário de estagnação entre 2013 e 2015, e apresentamos resultados melhores em 2017”, explicou. “A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que os municípios estão desenvolvendo e deve entrar em vigor em 2019, será uma tentativa de superar a dificuldade histórica que existe na transição do Fundamental 1 para o 2”, completou.

Para o professor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) Ocimar Alavarse, é preciso investir pedagogicamente junto aos professores na valorização da leitura e da solução de problemas, independentemente da série para qual lecionam. “É o antigo conceito de letramento, que se não está em desuso, também não tem sido muito utilizado”, pontuou.

O governo do Estado, responsável pela maior parte dos alunos deste ciclo, informou que os resultados evidenciam a necessidade de aperfeiçoar os ensinos Fundamental e Médio.

Mauá informou que a meta ainda é insatisfatória, mas, se comparada à defasagem acumulada nas últimas avaliações, foi o maior avanço em uma década. Ribeirão Pires destacou que serão concentrados esforços para avanços neste ciclo. Os demais municípios não comentaram os dados até o fechamento desta edição.

Progresso da EE Lauro Gomes em São Bernardo é destaque

Apesar das notas das avaliações dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) terem ficado abaixo da meta no Grande ABC, a EE Lauro Gomes de Almeida, no Rudge Ramos, em São Bernardo, ficou entre as três unidades do Estado com a maior evolução dos resultados entre 2007 e 2017, passando de 3,1 para 6,4 no período. A meta para o ano passado era 4,4.

A diretora da unidade, Erica Marson, declarou que o resultado foi recebido com muita alegria por toda equipe escolar e destacou que ter ingressado no PEI (Programa de Ensino Integral) em 2012 agregou qualidade ao ensino, transformando professores e alunos.

“Nesse modelo, o professor é diferenciado, passa por um processo de credenciamento, conta com grande investimento em formação. Tudo isso tem impacto positivo”, declarou. A gestora lembrou que, de 2015 a 2017, a escola contou com atuação da instituição Parceiros da Educação, que contribuíra para a formação tanto do corpo docente quanto da equipe gestora. “A pré-disposição dos professores para se transformarem foi essencial”, completou.

Erica declarou, ainda, que, no PEI, os alunos desenvolvem, além das disciplinas normais, o protagonismo juvenil. “O estudante desta escola é autônomo. Transformar os jovens em pessoas autônomas, solidárias e competentes é a meta do programa. Os representantes de sala participam de reuniões semanais, o engajamento dos alunos é grande e isso também faz parte do processo”, pontuou. “Buscamos gestão democrática. Os alunos são ouvidos na escola. Os próprios indicadores do Ideb serão apresentados, discutidos, e os próprios estudantes vão apresentar novas metas para serem alcançadas”, finalizou.

ENSINO MÉDIO

Pela primeira vez, o MEC (Ministério da Educação) divulgou os resultados das avaliações do Ensino Médio por cidades. No Grande ABC, apenas São Caetano apresentou indicadores maiores do que a meta para o País e para o Estado, que foram de 4,4 e 4,6, respectivamente (veja dados na tabela ao lado).

 

 




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