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Paulina segue passos da tia Fofão

Ainda juvenil, líbero do São Caetano já integra elenco adulto e espera repetir vitórias da ex-levantadora

Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
29/07/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar? Paulina quer provar que pelo menos no vôlei isso é possível. Líbero do São Cristóvão Saúde/São Caetano, a jovem de 19 anos sonha em repetir os passos da tia Fofão, uma das maiores jogadoras da história, que se aposentou em 2015 e teve a carreira marcada por conquistas importantes pela equipe do Grande ABC.

Paulina está em sua segunda temporada no São Caetano e mesmo no último ano de juvenil, integra o elenco adulto, início bem similar ao da tia, que chegou à cidade da região depois de ter passado pelo Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, em São Paulo. No Grande ABC a levantadora se projetou, conquistou seu primeiro título brasileiro e iniciou carreira que terminou com três medalhas olímpicas – ouro em Pequim-2008 e bronze em Sydney-2000 e Atlanta-1996 – e dezenas de outros títulos.

“Ela (Fofão) deixou nome muito grande. Às vezes sinto um pouco de pressão por eu ter de dar continuidade ao que ela fez. Mas é bom ter uma pessoa da família que já passou por tudo, que conquistou tudo. Vou ter a chance de chegar onde ela chegou, que é o que eu mais quero”, destacou Paulina.

Fisicamente, na forma mansa de falar, no comportamento calmo e calculado, as duas se parecem. Mas existe grande diferença entre elas. Enquanto Fofão se destacou como levantadora, Paulina escolheu ser líbero, jogadora que usa uniforme diferente das demais, tem como principal função na equipe defender e não pode atacar.

“Ela tentou me convencer a ser levantadora, mas não é algo que me agrada. Antes jogava de ponteira, só que sempre gostei do fundo de quadra, de defender. Uma vez, ainda no infantil, pedi para o treinador deixar eu tentar jogar de líbero e foi a melhor coisa que fiz. Adoro ser líbero”, conta Paulina, bastante orgulhosa. “Líbero e levantadora são as funções com mais responsabilidade em quadra, não que as outras não tenham, mas gosto de ajudar o time e por isso que gosto da posição”, explica a jovem.

Além de mirar em Fofão, Paulina tem outra referência no vôlei. “A Fabi (maior líbero da história e que se aposentou em abril) é meu espelho. Sempre a admirei muito como pessoa. Tive contato com ela quando minha tia jogava no Rio de Janeiro. Sempre que estava de folga ia aos treinos e conversava com ela, tentava tirar alguma coisa”, revela. <EM>

Paulina aproveita bem o fato de ter uma conselheira íntima e sempre que pode tenta extrair coisas boas da ex-levantadora. “Temos ótima relação. Sempre fomos muito próximas e sempre que podemos conversamos. Ela tem seu jeito mais quieta, tímida e tal, mas me ajuda muito”, garante a jovem.

Fofão também deixa claro o orgulho que sente ao ver a sobrinha repetir seus passos. É como se ela voltasse ao tempo e começasse tudo outra vez. “Voltei à minha casa. Joguei muitos anos em São Caetano, onde conquistei meu primeiro Campeonato Brasileiro e agora estou emocionada com minha sobrinha Paulina seguindo os meus passos. Estou muito feliz por isso”, orgulha-se.

LUGAR CERTO

Independentemente da relação da tia com o time de São Caetano, Paulina tem certeza de que a equipe do Grande ABC é o melhor lugar para desenvolver seu vôlei, tanto que teve propostas de outros clubes quando deixou o Barueri, no qual virou federada, mas escolheu o time da região.

“Aqui é um clube que me dá visibilidade. Já estou trabalhando com as meninas do adulto, estão me abrindo portas. Tenho mais um ano de juvenil, caminho longo pela frente”, enfatiza a líbero, que usufrui das conversas com as jogadoras mais experientes do grupo. “Converso muito com a Sonaly, que é a nossa capitã. Ela é uma das que sempre apoiam. Por sermos mais novas elas cobram um pouco mais de nós, mas sei que só vão exigir o que sabem que podemos dar”, finaliza. 

Ex-jogadora ganha filme e biografia

Um dos maiores nomes da história do vôlei brasileiro e mundial, Fofão lançou neste ano sua biografia. Segundo a levantadora, a ideia começou a amadurecer quando ainda estava nas quadras e virou realidade pelas mãos dos jornalistas Rodrigo Grilo e Kátia Rubio, que é uma das precursoras da psicologia do esporte no Brasil.

Intitulado Toque de Gênio – A história e os exemplos de Fofão, o livro, lançado em abril, conta a vida e a obra da levantadora. “Acho que nossa função é servir de espelho para os mais novos. Acho que sou uma referência boa”, orgulha-se Fofão.

O livro acabou inspirando o documentário Brilhante, trabalho da produtora Março.

“Se a minha biografia, a história da minha vida dentro e fora das quadras servir para as meninas da nova geração saberem que podem superar qualquer problema social, de cor da pele e que elas podem conquistar o que quiserem, eu já estou feliz e realizada. Não preciso de mais nada”, enfatiza a ex-jogadora.




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