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Peregrinação entre as frutas
Luciele Velluto
Especial para o Diário
24/11/2005 | 14:03
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O interior de São Paulo ganhou mais um caminho para adeptos de longas caminhadas ou peregrinação: o Caminho do Circuito das Frutas. Percorrendo a zona rural de nove cidades, o percurso tem 260 km de extensão e leva dez dias para ser feito a pé ou quatro de bicicleta. O ponto de saída é a Igreja da Matriz de Indaiatuba e a chegada fica no Lar de Freiras Irmãs Agostinianas em Jundiaí.

As cidades que compõem o caminho fazem parte do Circuito das Frutas, região de grande produção frutífera e de derivados. Em cada local podem ser encontrado dois ou mais tipos de frutas conforme o trecho percorrido e a época do ano. O caminho passa pelas cidades de Indaiatuba, Itupeva, Louveira, Vinhedo, Valinhos, Morungaba, Itatiba, Jarinu e Jundiaí, todas famosas produtoras de uva niágara, cuja colheita vai de dezembro a fevereiro.

O organizador do trajeto, José Orlando Luciano, é um adepto de caminhadas e resolveu trazer essa modalidade de turismo para a região. “Vi no projeto do circuito uma possibilidade muito grande de criar o caminho e, desde o início do ano, estamos estruturando o percurso”, conta. O primeiro grupo a concluir trajeto, inaugurado dia 6 de outubro, contou com 22 pessoas.

Nos trechos rurais havia poucas pousadas e muitas foram inauguradas para atender aos participantes do Caminho do Circuito das Frutas. “De uma forma geral, criou-se uma expectativa muito boa nos moradores da zona rural, pois eles abriram suas fazendas, sítios e lavouras para receber os peregrinos”, afirma Luciano.

Segundo o organizador, no período de mapeamento das estradas que compõem o caminho, os moradores procuraram a organização para se certificar sobre quem seriam os freqüentadores. “Perceberam que o peregrino é praticante de caminhadas e têm consciência da necessidade de preservação dos locais por onde passam. Nas fazendas, os produtores gostam de receber quem passa e permitem que faça a degustação de frutas e bebidas ao longo do caminho”, explica Luciano. As prefeituras das nove cidades também apóiam o projeto, que deve trazer mais turistas para a região.

Mesmo que o caminho não tenha característica religiosa, como a maioria dos percursos pelo Brasil e exterior, o fato de andar favorece a reflexão e a introspecção. O trajeto já está todo sinalizado com o sistema de setas amarelas utilizado em locais de peregrinação.

A organização também oferece apoio ao participante e monitora quem sai de um ponto de checagem até o outro. Por isso, os peregrinos recebem uma credencial no início da caminhada que deve ser carimbada em todos os pontos determinados, esteja a pé ou de bicicleta. Os grupos devem ser de, no mínimo, dez pessoas e, caso os participantes não tenham experiência, um guia pode acompanhá-los. Por dia percorre-se, em média, 25 km a pé ou 90 km de bicicleta.

Indaiatuba
Com população de 190 mil habitantes, a cidade se destaca pelo turismo de negócios, por causa da presença de empresas do setor automotivo na cidade; turismo religioso, por conta do Mosteiro de Itaici que abriga a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil); e turismo rural, graças à produção de acerola orgânica e por ser uma das principais produtora de uva de mesa do Estado de São Paulo. O nome da cidade vem da junção de dois termos da língua tupi-guarani: “indaiá”, que significa um tipo de palmeira, e “tuba”, o mesmo que em abundância.

Vinhedo
Antigo povoado na rota dos bandeirantes e tropeiros, o município pertencia a Jundiaí até 1948 e hoje é grande produtora de uva. A população é formada principalmente por imigrantes europeus. A primeira Festa da Uva data de 1948, tradicional e conhecida em todo o Estado, era realizada na praça de Sant’Anna por produtores que comemoravam a boa safra. A economia da cidade hoje é industrial, mas as tradições agrícolas ainda se mantêm. O município também abriga parques temáticos, possui 54 mil habitantes e fica  a 76 km da capital.

Valinhos
A cidade conhecida como a Capital do Figo Roxo, com festa da fruta realizada no mês de janeiro, tem cerca de 83 mil habitantes e fica a 90 km de São Paulo. Outra fruta que disputa a atenção dos produtores é a goiaba, mas ainda há plantação de uva, pêssego, caqui, manga, acerola, lichia, serigüela e carambola. O município tem o selo de Cidade com Potencial Turístico, concedido pela Embratur, e busca a aproximação com o turista por meio de sua beleza natural de topografia acidentada, com montanhas e vales verdes.

Itupeva
A cidade é responsável todos os anos pela Expo-Uva, que atrai milhares de turistas para a região. Além de plantações de frutas, abre as portas para os turistas de seus engenhos e apiários. Um dos pontos turísticos do Município é a Gruta dos Quilômbos, ao qual o visitante chega por trilhas e escadarias de pedra lascada. Antigo bairro Itupeva de Jundiaí, o município já foi distrito até 1963, quando por meio de plebiscito conseguiu a emancipação. Hoje, a cidade tem 31 mil habitantes e fica a 70 km da capital paulista.

Morungaba
Localizada a 103 km da capital, a cidade situada em suaves colinas do vale próximo a Serra das Cabras é uma estância climática. Fundada em meados do século XIX, o futuro município que se emancipou em 1964, surgiu a partir da expansão da produção cafeeira no Estado de São Paulo. Com a chegada dos imigrantes italianos na região, novas agriculturas passaram a ser praticadas na cidade. É um convite à tranqüilidade e às tradições das pequenas cidades do interior, já que a população não chega a 10 mil habitantes.

Jundiaí
A maior cidade do Circuito da Frutas, com cerca de 324 mil habitantes, foi área estratégica importante de entroncamento ferroviário, o que ajudou seu desenvolvimento e favoreceu a chegada de imigrantes italianos, influenciando a cultura e os hábitos locais. É a oitava economia do Estado, com um dos maiores parques industriais da América Latina. Apesar da industrialização, a cidade mantém a tradição agrícola com a Festa da Uva, que se realiza nos meses de janeiro ou fevereiro, e do Morango, no mês de agosto.

Jarinu
Município que preserva vales, montanhas, rios, cachoeiras e lagos desde sua fundação, fica a 76 km da capital paulista e tem 20 mil habitantes. Segundo a Unesco, a cidade tem o segundo melhor clima do mundo e é o único município paulista em que sua população no campo cresceu mais que a urbana, o que a torna agrícola por vocação. Diferente das outras cidades da região, a colonização foi feita por imigrantes portugueses. Há adegas de vinho artesanal e produção de cinco tipos de frutas com qualidade. Tem boa estrutura turística, como pousadas e restaurantes.

Louveira
A cidade a 75 km de São Paulo se destaca pela qualidade de vida de seus habitantes e preservação do meio ambiente. Dos seus 55 km2 de território, 25% estão cobertos por áreas de preservação de mata nativa ou de projetos de reflorestamento. A agricultura se desenvolve por famílias descendentes de italianos que produzem, em sua maioria, uva niágara. São aproximadamente 3,3 milhões de parreiras que produzem 10 mil toneladas da fruta por ano. O município, que realiza a Festa da Uva em fevereiro, tem cerca de

24 mil habitantes.

Itatiba
Famosa por sua produção de móveis, a cidade tem 91 mil habitantes. Carinhosamente chamada de “Princesinha da Colina”, o município apresenta relevo acidentado e fica na Serra da Jurema. Os atrativos turísticos ficam por conta das edificações do século XIX, como igrejas, palacetes, museus, parques e boa infra-estrutura para seus moradores. A cidade, a 80 km da capital, também oferece opções de turismo rural, como o roteiro da Tapera Grande, além de ser produtora de amora, pokan, pêssego, uva, morango, nectarina e caqui, essa última com festa realizada no mês de abril.

A inscrição para a Caminhada de Circuito das Frutas custa R$ 35 por pessoa a pé e R$ 45 por pessoa de bicicleta, o que inclui credencial, certificado de conclusão do percurso e uma camiseta. Por dia, o peregrino gasta R$ 40 com acomodação, que dá direito a jantar e café da manhã. Os interessados podem obter informações ou se inscrever pelo site www.caminhodocircuitodasfrutas.com.br.




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