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Casas danificadas por explosão estão sem reforma
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
24/11/2009 | 08:03
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Andréa Iseki/DGABC


Dois meses após a explosão da loja de fogos Pipas e Cia., na Rua Américo Guazelli, Vila Pires, em Santo André, cinco famílias que tiveram seus imóveis danificados pela tragédia ainda não puderam voltar a suas casas.

A Prefeitura, que se comprometeu a reparar 21 residências, não entregou nenhuma obra até agora. No momento, apenas três casas estão sendo reformadas pela administração municipal, que nega qualquer atraso.

Os beneficiados não foram avisados sobre a data prevista para o término dos reparos. "Não deram um prazo, mas pelo menos estão arrumando. Não vejo a hora de poder voltar para minha casa". diz a desempregada Mabel Carvalho, 36 anos.

Enquanto os trabalhos não terminam, Mabel continua morando na casa de uma amiga com o irmão Alexandre Ferrari de Carvalho, 32, deficiente mental. O filho, Daniel, 20, está hospedado no Hotel Ibis.

Cansados de esperar, outros moradores resolveram fazer a reforma por conta própria. "Comprei essas telhas hoje (ontem). Custaram R$ 2.200", conta o aposentado José Costa, 69, apontando para o material em seu quintal. "Se pagando a reforma já é devagar, imagina se esperasse a Prefeitura", afirma José.

Pelo menos mais quatro vizinhos dele tiveram a iniciativa de assumir os gastos das reformas. A casa do aposentado Expedito Boiani, 65, está quase pronta. "Usei meu cartão de crédito. Minha filha usou o dela. Fiz um empréstimo consignado. Estamos todos endividados aqui. E ainda dei uma de ajudante de pedreiro", afirma Expedito, que estima ter gasto cerca de R$ 5.000.

Quem fez a reforma com o próprio dinheiro não terá direito a indenização, segundo a Prefeitura. Os R$ 150 mil liberados por meio do Fundo de Solidariedade de Santo André para as vítimas da explosão deverão ser usados, exclusivamente, nas reformas.

A loja de fogos Pipas e Cia. explodiu no dia 24 de setembro. O acidente casou a morte de Ana Maria de Oliveira Martins, 58, e Denian Castellani de Souza, 41. Outras 12 pessoas ficaram feridas. Quinze carros ficaram destruídos e 30 imóveis foram atingidos.

 Terrenos dos imóveis demolidos são alvo de construtoras

 Os terrenos das cinco casas que tiveram que ser demolidas após a explosão da Rua Américo Guazelli estão sendo alvo de especulação imobiliária, segundo moradores da região.

O imóvel número 210, último a ser demolido, pois tinha as estruturas comprometidas, foi vendido pela aposentada Idione Cerveline, 66 anos, para uma construtora. O valor não foi informado.

A funcionária pública Rosimar Montanari, 41, moradora do número 200, também foi procurada por empreiteiras. "Deram R$ 750 por metro quadrado, mas andei pesquisando, e esse terreno vale R$ 1.400", diz.

Rosimar perdeu a casa, que ficava ao lado da loja de fogos Pipas e Cia.. Ela alugou um imóvel do outro lado da rua e se mudou com os dois filhos, a irmã, o irmão, a mãe e os cachorros.

Já a esteticista Zilene Teixeira Xavier, 51, voltou a trabalhar em um salão de beleza no sábado. Por causa da explosão, ela teve que devolver o dinheiro de seis noivas que a haviam contratado para seus casamentos. TD

 IC aguarda chegada de exames para entregar laudo

As causas da explosão da loja de fogos continuam sendo um mistério. O IC (Instituto de Criminalística) de Santo André aguarda resultados de alguns exames para concluir o laudo que apontará o motivo da tragédia.

A queda de uma antena de radioamador sobre a rede elétrica e o teto da loja é a hipótese mais provável para explicar a explosão de 24 de setembro, aponta Nelson Gonçalves, diretor do IC.

O laudo também mostrará quanto explosivo o comerciante Sandro Castellani, 41 anos, armazenava e se ele produzia fogos. Como o documento não ficou pronto, o inquérito policial que apura a responsabilidade de Sandro está parado no 3º DP.

Um grupo de cerca de dez moradores da Rua Américo Guazelli está aguardando o resultado do laudo para entrar na Justiça com uma ação de indenização por danos morais e materiais.

O advogado Alan Erbert está analisando os documentos enviados por cinco vítimas. Ele acredita que até o fim do ano os processos estarão em andamento.




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