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A trajetória errante de Kurt Cobain
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
24/11/2009 | 07:00
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No início da década de 1990, o universo pop exalava glamour e pretensão, com um abismo entre o grande público e as produções de caráter alternativo. Sob a liderança do vocalista, guitarrista e compositor Kurt Cobain (1967-1994), o Nirvana mudou definitivamente o panorama musical, com meia dúzia de acordes e versos que condenavam a alienação juvenil de maneira cáustica.

Registro da trajetória errática do cantor, o recém-lançado livro "Cobain dos Editores da Rolling Stone" (Spring, 142 págs., R$ 49,90) reúne entrevistas, resenhas e reportagens especiais publicadas na revista norte-americana.

FAMÍLIA - Filho de secretária e mecânico de automóveis, o músico nasceu em Hoquiam, no Estado de Washington. Aos 6 meses, mudou com a família para o município vizinho Aberdeen - cidade madeireira com altas taxas pluviométricas e elevados índices de suicídio.

Foi uma criança dotada de extrema sensibilidade, que gostava de cantar Beatles a plenos pulmões e reservava lugares à mesa para amigos imaginários. Um dos companheiros criados pelo menino foi Boddah, parceiro que o acompanhou até os últimos dias e ganhou até citação na carta de suicídio deixada pelo roqueiro.

A primeira e irreversível mudança na vida de Cobain ocorreu aos 8 anos, com o divórcio dos pais."Ele mudou completamente. Ficou muito introvertido e isso o deixou desolado", lembrou a mãe do ídolo, Wendy O' Connor.

Na adolescência, já aficionado pela distorção das guitarras do punk rock, era o típico desajustado social. Passou temporadas na casa da mãe, do pai, tios, avós e até dormiu sob a ponte North Aberdeen.

CARREIRA E DROGAS - No livro, a saga do Nirvana - desde o início da amizade de Cobain com o baixista Krist Novoselic, em 1985, até o último álbum de inéditas, "In Utero" (1993) - é ilustrada com fotos raras e análises de medalhões do jornalismo musical, como Greil Marcus e David Fricke.

Um dos destaques é a entrevista concedida pelo astro cerca de três meses antes de morrer. Na ocasião, ele comentou a camisa de força artística criada pelo sucesso do disco Nevermind, turbinado pelo clássico Smells Like Teen Spirit.

"Eu mal consigo chegar ao final dessa música. Tenho vontade de jogar a guitarra no chão e ir embora."

Os textos também abordam o efeito destruidor do envolvimento de Cobain com a heroína, a angústia em relação às pressões do megaestrelato e a conturbada relação com a cantora Courtney Love, com quem teve uma filha, Frances Bean. Trata-se de leitura recomendável para quem deseja aprofundar conhecimentos sobre a cartilha roqueira.




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