Economia Titulo Reversão
Volkswagen cancela 800 demissões

Trabalhadores aprovam nova proposta da empresa
com validade até o ano de 2019; PDV vai ser aberto

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
17/01/2015 | 07:24
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Orlando Filho/DGABC


A Volkswagen reverteu ontem a demissão dos 800 trabalhadores da fábrica de São Bernardo programada para fevereiro. Em contrapartida, os funcionários aceitaram, em assembleia realizada às 7h30, nova proposta de acordo coletivo, que seguirá até março de 2019. A fábrica volta à atividade na segunda-feira.

A empresa, no entanto, entende que ainda há a necessidade de adequação de efetivo, que teria excedente de 2.100 do total de 13 mil trabalhadores. Por isso, em consenso com o sindicato, foi aberto PDV (Programa de Demissão Voluntária). Embora o programa valha para todos, quem dos 800 aderir, receberá benefício de dez salários mais um para cada ano de empresa.

“A Volkswagen do Brasil vê com satisfação a aprovação do novo acordo coletivo por seus empregados”, informou a montadora, por meio de nota. Acrescentou que a adequação do efetivo será feita também por “desterceirizações temporárias para alocação de parte do excedente de pessoal, entre outras medidas”. Garantiu ainda “a vinda de uma nova plataforma mundial de produto e modelos, solidificando as bases de um futuro sustentável para a unidade Anchieta”.

O presidente do sindicato, Rafael Marques, comemorou o resultado da greve, que atingiu o 11º dia ontem, sendo nove de máquinas paradas – e saldo de 12.150 carros que deixaram de ser produzidos. Ele destacou ainda que o PDV não será involuntário. “É demissão voluntária mesmo. Como tem que ser”, garantiu.

Apesar de ter essa opção, o soldador de prensa Anderson Penha, 42 anos, 20 deles na Volks, pretende se aposentar na montadora. “Eu fui um dos que receberam o telegrama. Achei o resultado excelente. Graças a Deus e com a ajuda de todos terei meu emprego de volta. Eu não sei o que faria se fosse demitido”, desabafou. Ele retornou ao trabalho há alguns meses. Revelou que ficou um ano afastado lutando contra um câncer no intestino e que tinha medo da reação do mercado, durante as entrevistas de emprego, nesta condição.

Com cinco anos a mais na empresa do que Penha, o técnico de logística Vamberto Guimarães Messias, 54, conhecido como Vicentinho da Volks, também ficou aliviado e surpreso. “Estava com esperança, mas achava que não seria tão bom como foi, revertendo todas as demissões.”

Após a aprovação do acordo e a revogação das 800 dispensas, os funcionários da montadora comemoraram levantando Marques e o secretário-geral do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, do chão. O presidente convidou ainda todos os trabalhadores para comemorarem a vitória na sede da entidade, em São Bernardo, às 11h de ontem.

ALTERAÇÕES - A reunião entre a montadora e a entidade iniciou no começo da tarde de quinta-feira e encerrou à 1h de ontem. Marques destacou que entre as principais alterações na proposta da Volks estão a garantia de emprego até 2019 e a reposição da inflação com aumento real. “Ano que vem não teríamos a reposição integral da inflação.” Portanto, os trabalhadores receberão, sob forma de abono, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mais 2%, sobre seus salários, neste ano e em 2016.

Somada à primeira parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), que passou de 80% do valor de 2014 para 100% (R$ 12,6 mil), o pagamento do reajuste de 2015 será de R$ 16.576, anunciou Wagnão, sobre o carro de som, ontem, durante a assembleia. Para 2017, 2018 e 2019, serão adicionados aos salários o INPC mais 1% de aumento real.

O sindicalista avisou ainda que o próximo adiantamento salarial, referente ao mês de janeiro, será de 30% do valor, e não de 45%, para descontar três dias de paralisação. Parte será abatida no salário e, outra parcela, com trabalho extra. Outros três dias serão descontados do restante do pagamento de janeiro, do salário de março e do de abril. “Dois dias nós compensaremos em datas ainda a serem definidas. E o dia que falta será abatido no crédito que temos de compensação do fim do ano passado. Tudo somado dá nove dias parados sem produção (descontando fim de semana)”, completou Wagnão. 




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