Turismo Titulo Turismo
As riquezas de Minas Gerais

As obras barrocas são algumas das joias espalhadas pela rota das cidades históricas mineiras; a imponente Ouro Preto está sempre de braços abertos

Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
25/09/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Marcela Munhoz/DGABC


 ‘Eis a estrada, eis a ponte, eis a montanha sobre a qual se recorta a igreja branca/ Eis o cavalo pela verde encosta. Eis a soleira, o pátio, e a mesma porta.’ Em trecho do livro Romanceiro da Inconfidência, a escritora Cecília Meireles também não resistiu e deixou brotar descrições sobre a inquietante e encantadora Ouro Preto. Assim como antes fez o tal Dirceu de Marília, entre outras personalidades que ali viveram, passaram e jazem.

É irresistível não poetizar ao visitar o local que abriga o maior conjunto arquitetônico do barroco brasileiro. É verdadeira viagem no tempo. Não há quem não se lembre de passagens das aulas de história. Foi ali que muita coisa aconteceu, muita gente amou e muita gente sofreu. Por isso vale a pena reservar, ao menos, uma semana para fazer o roteiro das cidades históricas de Minas Gerais. A prova de que o passeio é obrigatório é que quem vai, quer sempre voltar.

A primeira cidade do roteiro deve ser mesmo a antiga Vila Rica, que se tornou a imperial Ouro Preto em 1823 e permaneceu capital de Minas Gerais até 1897, ano de inauguração de Belo Horizonte. Separe, ao menos, quatro dias para conhecer o local. Não esqueça de levar tênis e roupas confortáveis, já que toda a cidade possui ladeiras feitas com as famosas pedras encaixadas uma a uma pelos escravos.

No primeiro dia, vá até a praça central de Tiradentes (sim, onde a cabeça do mártir da Inconfidência ficou exposta) e contrate um guia credenciado. Com o próprio carro, ele leva os turistas para conhecer os principais pontos turísticos da cidade, como os museus da Inconfidência, o de Ciência e Técnica, do Aleijadinho, do oratório, e a Casa dos Contos.

O tour passa também pelas igrejas de São Francisco de Assis (uma das mais famosas), de Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora do Pilar, esta última uma das mais ricas em detalhes. O ideal é fazer esses passeios em dois dias.

Entre uma parada e outra, não deixe de visitar minas de onde era retirado ouro (como a do Chico Rei, Fonte Meu Bem Querer e Velha), as feirinhas e lojas de artesanato (Largo da Coimbra) com produtos feitos, em pedra-sabão.

QUANDO A NOITE CAIR
ouro Preto continua interessantíssima quando escurece. Dê mais uma volta pelo centrinho e escolha um bom restaurante para jantar, tarefa nada complicada quando se vai a Minas Gerais. O Passo é parada obrigatória. A pizza e outros passos, como as massas, são famosos por lá. Coma ao som de música ao vivo e não vá embora sem experimentar o petit gateau de queijo com goiabada. Irresistível.

Outras recomendações são os petiscos do Benzadeus, os pratos típicos do restaurante Contos dos Réis, da Casa dos Contos, da Casa do Ouvidor, e, claro, o Bené da Flauta. Por ser muito concorrido, a dica é reservar uma mesa para jantar lá, que fecha às 23h (31 - 3551-1036). Por ser uma cidade de universitários, os barzinhos e pubs estão sempre cheios. Está passando algum jogo de futebol imperdível? Tome uma cerveja no Escadabaixo, na Rua Direita.

 

Mariana recebe turistas que chegam de trem - De Ouro Preto vá para a cidade de Mariana, que no século 17 foi uma das maiores cidades produtoras de ouro para a coroa portuguesa. A melhor e mais prazerosa forma de chegar lá é ir de trem. Da estação de Ouro Preto partem dois tipos: o comum e a maria-fumaça. Neste último, as viagens são feitas aos fins de semana e feriados, e custam R$ 50 ou R$ 80 por pessoa (ida e volta). Os bilhetes podem ser comprados na Praça Tiradentes. De preferência, adquira as passagens com antecedência (www.trensturisticos.fcasa.com.br).

Tente chegar cedo em Mariana e vá aos fins de semana, quando fica mais agitado. Também vale a pena contratar guia para explicar sobre os lugares mais famosos do local. Não deixe de curtir apresentação de órgão na Catedral Basílica da Sé. O instrumento alemão de 1701 é tocado às sextas e aos domingos. O Museu de Arte Sacra, a Casa de Câmara e Cadeia, a Basília de São Pedro dos Clérigos e o Museu de Música também merecem a visita. Se der certo, vai presenciar apresentação da fanfarra de Mariana na praça principal, perto do coreto. O clima de cidade de Interior é contagiante.

MINA
Na volta de Mariana, a dica é ir para a Mina de Passagem. Dá para pegar um ônibus no ponto perto da estação de trem. O local começou a ser explorado em 1819 e foi desativado em 1985. Estima-se que foram retiradas cerca de 35 toneladas de ouro.

Cada visitante paga R$ 30 e desce, em um carrinho, 120 metros de profundidade. Um guia explica como era o processo, conta histórias de trabalhadores e dá um tempo para o turista admirar o lago de água cristalina que, surpreendentemente, embeleza o lugar.

DICAS
COMO IR – Partindo de São Paulo, são oito ou nove horas de carro até Ouro Preto, com duas a três paradas. Outra sugestão é pegar a ponte aérea São Paulo-Belo Horizonte e alugar um carro por lá. A cidade mais importante do ciclo do ouro fica a 100 quilômetros da capital de Minas.

ONDE FICAR – Um dos principais destaques dos mineiros é a sua hospitalidade. Em Ouro Preto, as pousadas reinam absolutas. Uma das mais indicadas é a Pousada do Arcanjo, onde os funcionários se vestem com roupas de época. O café da manhã, o lanchinho da tarde e a van para levar ao centro da cidade estão inclusos no pacote. Também estão na lista de indicações o resort Solar do Rosário e a pousada do Mondego.

MAIS INFORMAÇÕES: www.ouropreto.org.br.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;