Política Titulo Suposto esquema
Contas da Saúde
têm erros grosseiros

Prefeito de Ribeirão Pires admite falha na fiscalização da
comissão interna sobre os gastos do Instituto Illuminatus

Por Cynthia Tavares
Do Diário do Grande ABC
28/05/2012 | 06:31
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Presidente do instituto que geria a Saúde de Ribeirão Pires acusa a Prefeitura de dever R$ 1,8 milhão. A administração, por sua vez, denuncia rombo de R$ 4,5 milhões em função de ausência ou irregularidades em notas fiscais na prestação de contas. Em meio a esse nó, que está sendo avaliado pelo Poder Judiciário, estão erros grosseiros nos documentos que comprovariam os serviços prestados pelo Instituto Illuminatus, segundo relatório de sindicância do Paço.

A auditoria interna feita pela administração revelou notas que foram duplificadas ou falsificadas sem o menor cuidado, pagamentos efetuados sem recibo ou comprovação, empresas contratadas sem CNPJ, entre outras irregularidades (veja fac-símiles nesta página).

Na edição de ontem, o Diário revelou que o levantamento do Executivo nas contas do Illuminatus diagnosticou rombo de R$ 4,5 milhões. No epicentro do negócio estaria a anestesista licenciada da Prefeitura Renata Lin, que atuava nas quatro pontas do processo: ela era servidora, procuradora da organização (responsável pela conta bancária da ONG) que gerenciava a Saúde, diretora clínica do Hospital São Lucas (o qual a Prefeitura passou para as mãos do Illuminatos) e dona da Clínica Médica Vila Sônia e da MRF Médicos Associados – as quais receberam dinheiro do instituto, oriundo de repasses da Prefeitura.

O secretário de Saúde e Assuntos Jurídicos, Allan Frazatti, disse que ficou estarrecido com os documentos apresentados pela organização. “Tenho 14 anos de auditoria. Nunca vi um absurdo desse. São coisas aberrantes”, ressaltou.

A Prefeitura abriu sindicância para investigar o desempenho dos cinco funcionários que atuaram na comissão de gestão e avaliação do contrato da Pasta de Saúde. “O grupo falhou, mas eles estão respondendo processo administrativo. Não são pessoas ruins, mas não posso perdoar ninguém agora”, declarou o prefeito Clóvis Volpi (PV).

Ao responder um dos questionários elaborado pela comissão, o presidente do Instituto Illuminatus, Alfredo Antônio Del Nero Júnior, o Fred, admitiu que realizou pagamento para uma empresa sem CNPJ. O empresário justificou que “o preço e a qualidade pareceram suficientes para a execução dos serviços, que foi entregue a contento”. Em outra resposta, Fred afirma que pagou à empresa de Renata e de seu irmão, Lian, apesar de não haver notas fiscais.

O Illuminatus ainda teria duplicado nota, com mesma assinatura digital e mesmo número de série, o que comprovaria a adulteração do documento – a primeira nota é de R$ 91.122,23 e foi emitida em 23 de dezembro de 2010 e outro documento foi apresentado no valor de R$ 81.885,24.

Volpi analisou que o Illuminatus só percebeu que não tinha estrutura para prestar conta quando já estava prestando o serviço em Ribeirão. “Ele (Fred) começou ganancioso, achando que tinha contrato mirabolante e que era bom, mas não tinha capacidade de gestão”, avaliou.

Fred culpa Renata Lin e o seu sócio na MRF, Maurício Gonçalves Fonseca, de contratarem as empresas e não fornecerem as notas fiscais, porque eles estavam a mando de integrantes da Prefeitura. Inclusive, acusa o prefeito de pedir a metade do montante supostamente devido a ele para quitar a conta. “Como ela cobrava, não mandava nota, não mandava nada. Isso acontecia porque sabiam que iam estourar nas minhas costas”, acusou o empresário, que afirma ter dado procuração para Renata gerenciar a conta da entidade porque foi ameaçado e coagido – por lei, quem tem de provar que realizou os serviços é o instituto. Volpi nega pressão e afirma que ele foi quem sofreu ameaças por parte do empresário para pagar o que a Prefeitura não devia.




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