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Sem desfiles nas ruas da região, a saída é São Paulo

Moradores do Grande ABC migram das escolas de samba de suas cidades para as da Capital; biomédica reforça cuidados com a saúde

Por Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
22/02/2020 | 00:10
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Há pelo menos oito anos que a aposentada Josefa Ferreira da Silva, 71 anos, sente o frio na barriga ao entrar no Sambódromo do Anhembi para representar uma escola de samba. “Os anos passam, mas a sensação sempre é a mesma”, comenta Josefa, também conhecida como Dona Teté, que, mesmo quando havia desfiles em Santo André, a moradora do bairro Camilópolis resolveu sair em agremiações de São Paulo.

Desde 2017, o Grande ABC não tem desfiles de escolas de samba durante o Carnaval. As administrações municipais cancelaram o evento devido à necessidade de contenção de gastos para a manutenção dos investimentos em áreas consideradas prioritárias, como saúde e educação.

Dona Teté é daquelas foliãs que quer mesmo é estar na passarela do samba. Não por acaso, já desfilou nas escolas Tradição de Ouro e Parque São Lucas, na Capital, sempre na ala das baianas. “Sinto falta da energia da região. Não se compara à proporção de São Paulo, em relação à quantidade de pessas, mas quando é na região o sentimento é diferente”, destaca a aposentada.

Neste ano, ela vai desfilar na Gaviões da Fiel, a partir da 0h40 de amanhã (confira a programação do Grupo Especial abaixo) e Acadêmicos do Tucuruvi, a partir das 3h30 de segunda-feira, no Grupo de Acesso I. Dona Teté ainda destaca que a ansiedade começa nos ensaios técnicos, tanto na quadra das escolas quanto nos de rua. “O frio na barriga é inevitável. Uma sensação única e gostosa. Mas fico dividida, torcendo para as duas escolas.”

Outro caso de empenho pelo Carnaval está na história do instalador Charles Noberto Jesus, 27, também de Santo André, morador do bairro Guaratinguetá, que há quatro anos desfilou pelas escolas do município, como São Jorge e Lírios de Ouro. No entanto, este ano será diferente, pois desfilará, pela primeira vez, na Tradição Albertinense, como diretor da bateria.

“É uma diferença grande. São mais pessoas e, com isso, aumenta a responsabilidade. Uma emoção diferente”, destaca. Charles ressalta a ansiedade do novo cargo. “A cada batida dos instrumentos o coração acelera. A bateria é uma família”, diz emocionado. Com o enredo Toda Família Têm Tradição, a agremiação será a décima escola a desfilar na segunda-feira, pelo Grupo de Acesso II.

Sob a justificativa do alto custo empenhado para a realização da festa, as prefeituras da região prometem manter a programação carnavalesca “enxuta”, com pequenos blocos organizados por moradores e eventos promovidos por escolas de samba, sem aporte financeiro das administrações.

Especialista orienta folião a ter atenção à saúde para curtir festa até terça-feira

A biomédica e coordenadora do LAC (Laboratório de Análises Clínicas) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Patrícia Montanheiro, reforça alguns cuidados importantes para os foliões aproveitarem o feriado. A especialista destaca que, apesar de o sarampo estar controlado na região em relação aos surtos anteriores, a precaução é fundamental, além da vacina.

“Como exemplo podemos citar o álcool gel, que pode ser levado em bolsa ou bolsos de calça ou bermuda. Mas é fundamental que, ao usar banheiros públicos ou pegar em copos e latas comprados na rua, que utilize o álcool”, orienta.

As demais precauções ficam por conta do combate à dengue e contra as DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). “Utilizar repelente pelo menos de duas em duas horas, pois os casos de dengue aumentam no verão, e preservativo”, alerta.




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