Esportes Titulo Confidencial
Um ano se passou e muito pouco mudou
Por Felipe Simões
Do Diário do Grande ABC
09/07/2015 | 07:00
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Completou-se ontem um ano do histórico vexame da Seleção Brasileira diante da Alemanha. Os 7 a 1 no Mineirão não devem ser jamais esquecidos. Muito mais do que uma sequência de erros e preparações falhas da equipe que veste a camisa pentacampeã, são os símbolos máximos de geração mais preocupada em usar bonés com a inscrição #ForçaNeymar e fazer caretas no Instagram do que jogar o jogo – como fizeram os alemães.

Ontem, assisti novamente à partida, mas só até o quinto gol, ainda no primeiro tempo. A Alemanha deu uma aula enquanto os brasileiros, perdidos e atônitos, pareciam fazer o seguinte questionamento: “Isso está no script?”. Mas, ao contrário de um filme, não houve nem haveria mocinho para ser o grande herói que lideraria a equipe em uma virada histórica. Neymar não faria a menor diferença. Aliás, se existiu um lado positivo na fratura em uma vértebra provocada pelo colombiano Zúñiga foi o do camisa 10 não ter sentido na pele os efeitos do furacão alemão que devastou a Seleção Brasileira. Se estivesse em campo, tenho certeza que diria o mesmo de quase quatro anos atrás após a derrota do Santos contra o Barcelona (4 a 0) no Mundial de Clubes de 2011: “Eles nos ensinaram a jogar futebol”.

Fiz uma nova reflexão sobre aquele momento tão simbólico do futebol brasileiro. Recordei da famigerada carta da suposta Dona Lúcia, que, garantiu o então auxiliar Carlos Alberto Parreira, estava ao lado da Seleção, como a maioria do povo, ao contrário dos pessimistas, categoria na qual a imprensa se encaixava. Falando no técnico campeão mundial em 1994, lembrei-me também de sua declaração de que “a CBF é o Brasil que deu certo”. Uma afronta aos torcedores e àqueles que um dia já envergaram o manto sagrado da amarelinha, como pudemos comprovar no fim de maio, com a prisão de José Maria Marin, ex-presidente da entidade, na Suíça, por ligação com esquemas de corrupção e fraude no futebol mundial.

Também pensei a respeito do que está sendo feito para mudar o cenário a partir de agora (a Copa América, como vimos, não trouxe absolutamente nada de novo). A reunião com treinadores, de fato, é um ponto de partida, mas o problema é que conta com profissionais já ultrapassados e aposentados há muitos anos, caso de Zagallo e Lazaroni, por exemplo. Na Europa existe há 16 anos um encontro anual de treinadores na ativa para debater questões relativas ao futebol – desde tática até desenvolvimento dos jovens jogadores, como revelou o jornalista Marcelo Bechler em seu blog ontem. Não se trata de copiar o modelo europeu. É abrir um canal de diálogo, mas com gente atualizada. Demorou mais do que deveria e começou errado, mas pode ser um embrião de algo maior que pode recolocar o futebol brasileiro nos trilhos depois de tanto tempo.




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