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Santo André e Ribeirão Pires usam Método Giraldi

Guardas Civis Municipais do restante da região optam por outros métodos de treinamento

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
05/10/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


O Método Giraldi é usado pela PM (Polícia Militar) do Estado desde o confronto violento na Favela Naval, em Diadema, em 1997. Instituído pelo coronel de mesmo nome, ensina, principalmente o tiro defensivo e o disparo somente como último recurso.

Segundo dados da PM, antes da adoção do Método Giraldi, a média anual de policiais militares mortos em serviço era de 32,5 e, após a adoção, passou para 20,3. 

No Grande ABC, somente as GCMs (Guardas Civis Municipais) de Santo André e Ribeirão Pires treinaram os policiais com o método. Segundo o comandante da corporação de Santo André, major Edson Lima de Oliveira, a escolha pelo Giraldi foi para a própria proteção dos policiais. “Antes não havia uma doutrina sobre a importância da arma de fogo. No fim do ano passado, eu, que sou professor do método, formei 21 professores, que atualmente estão repassando o curso para todo o efetivo da guarda (634 policiais). Até o momento 300 pessoas estão formadas no método”, explicou.

Conforme Oliveira, o Giraldi é ainda mais importante desde a assinatura de lei, em agosto deste ano, que confere poder de polícia às GCMs. “Não é uma simples instrução de tiro. O modelo é reconhecido internacionalmente e aborda toda a postura que se deve assumir em ocorrências.”

Ribeirão Pires afirmou que os policiais passam por treinamentos com a Polícia Militar e com a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). 

 A GCM de São Caetano tem um integrante certificado pelo Giraldi. Segundo a Prefeitura, a corporação passa por curso de capacitação anual com aulas práticas e teóricas que transmitem técnicas semelhantes ao método da PM.

 Diadema afirmou que já utilizou o modelo, porém, atualmente a corporação emprega também as técnicas americana e israelense de tiro defensivo. 

A GCM de Mauá não utiliza o método, mas tem como previsão a realização de curso específico a partir de dezembro.

Já São Bernardo mantém convênio com a Polícia Federal para o treinamento dos guardas-civis municipais. Conforme explica o Secretário de Segurança do município, Benedito Mariano, o tipo de abordagem é diferente. “O número de ações letais envolvendo a GCM é infinitamente menor que na Polícia Militar. Mesmo assim, para as ocorrências utilizamos o tiro defensivo e a arma de fogo em último caso, porque o principal trabalho da guarda é de prevenção. Os princípios são bastante parecidos com o Giraldi”, afirmou.

Para o especialista em Segurança pública da Universidade Presbiteriana Mackenzie coronel Orlando Taveiros, o método é efetivo. “É fundamental para que o policial entenda que não pode reagir por instinto. Ou seja, não basta saber atirar, tem de saber quando atirar.”

No 1º semestre, 83 pessoas morreram em ocorrências

Apesar de o Método Giraldi contribuir para a diminuição da letalidade, segundo a PM (Polícia Militar), o número de mortos em confrontos com a polícia ainda é alto. Segundo dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública), 83 pessoas morreram em conflitos com a PM na Grande São Paulo no primeiro semestre.

Segundo o porta-voz da corporação, capitão Emerson Massera, a preocupação em reduzir este número é constante. “A letalidade é algo que ainda preocupa muito. Nos empenhamos para que seja reduzida. Por exemplo, a PM investe em tecnologia, pois quanto mais rápido os policiais chegarem à ocorrência, menores são as chances de acontecer um conflito armado.”

Ele também chama a atenção para as características dos crimes atualmente. “O criminoso atira contra os policiais, ou seja, na maioria dos casos, resiste. Neste ano tivemos 66 policiais mortos no Estado.”

Para o especialista em segurança da Universidade Presbiteriana Mackenzie coronel Orlando Taveiros, a solução é o treinamento. “Atualmente os alunos ficam um ano dentro da escola antes de sair às ruas. Acredito que deveria ser um tempo maior, além do treinamento específico de acordo com a área que o policial militar vai atuar. O processo como um todo também é falho, temos que repensar esse modelo de polícia, onde falta entrosamento entre as corporações municipal, estadual e federal.”




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