A taxa de desemprego em março no Grande ABC foi a menor da série histórica, para esse mês, de acordo com a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), da Fundação Seade e do Dieese, que realiza esse levantamento desde 1998 na região.

O estudo aponta que o percentual de pessoas sem emprego ficou em 10,1% da PEA (População Economicamente Ativa) - ou seja, do total de pessoas ocupadas ou em busca de inserção no mercado. É mais do que o registrado em fevereiro (quando o índice era 9,5%), mas é um ponto percentual inferior aos 11,2% de março de 2012. Atualmente, estima-se que há 1,246 milhão de pessoas trabalhando e 140 mil em busca de colocação, segundo o estudo.

Em relação ao mês anterior, o crescimento da taxa de desemprego em março ocorreu pelo aumento da PEA, o que significa que mais pessoas ingressaram no mercado de trabalho (cerca de 19 mil). "O aumento da procura por vagas é habitual para o período (após as férias e o Carnaval)", salienta a analista de mercado de trabalho do Seade Leila Gonzaga. Ao mesmo tempo, as empresas ampliaram o número de vagas (9.000), mas não em volume suficiente para atender ao aumento da procura por ocupação, destacou o economista do Dieese Thomaz Jensen.

INDÚSTRIA - A abertura de oportunidades no mês, no entanto, não se deu graças à indústria, que fechou 14 mil postos - dentro do setor industrial, o maior responsável por essa queda foi o ramo metal-mecânico, que eliminou 16 mil vagas.

Jensen assinala que parte desse volume pode ser creditada ao fechamento da fábrica da Mangels, em São Bernardo, com as demissões de cerca de 400 pessoas. No entanto, representantes do setor industrial assinalam que não é algo pontual. A área de autopeças tem sofrido com o forte ingresso de produtos importados, o que favorece a geração de empregos fora do País, segundo o vice-diretor de finanças do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Shotoku Yamamoto, que tem fábrica em Ribeirão Pires. Ele acrescenta que, enquanto as montadoras vêm ampliando vendas, para as fabricantes de componentes a situação é preocupante.

Foram as empresas de serviços e do comércio que colaboraram para manter o mercado aquecido no Grande ABC, respectivamente com a geração de 19 mil e 8.000 postos em relação a fevereiro. Exemplo da melhora nessas áreas foi a recente instalação de mais uma unidade da companhia espanhola de telemarketing Unitono, que vai abrir 3.000 vagas em São Bernardo neste ano.

Frente a março de 2012, no entanto, o setor industrial no Grande ABC, de forma geral, ainda está com desempenho favorável, com crescimento de 2,3% na ocupação (mais 7.000 vagas) - embora a área metal-mecânica tenha fechado 9.000 postos, pela comparação anual.

NO PAÍS - A taxa de desemprego no conjunto de sete regiões metropolitanas onde a Fundação Seade e o Dieese realizam a PED registrou expansão em março em relação a fevereiro, variando de 10,4% para 11%.

A pesquisa é realizada nas regiões metropolitanas do Distrito Federal, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. De acordo com as duas instituições, diferentemente do ocorreu no Grande ABC, o nível de ocupação diminuiu em todos esses locais pesquisados: Recife (-1,9%), Fortaleza (-1,7%), Belo Horizonte (-1,3%), Distrito Federal (-1,2%), Salvador (-0,9%), São Paulo (-0,9%) e Porto Alegre (-0,5%).