Economia Titulo
Crise dos EUA deve reduzir crescimento
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
30/03/2008 | 07:19
Compartilhar notícia


A crise imobiliária nos EUA, que já gerou comentários de preocupação do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve gerar uma redução no ritmo do crescimento econômico do Brasil neste ano.

A avaliação é de diversos especialistas ouvidos pelo Diário, que já prevêem que será difícil repetir a taxa de expansão do PIB (Produto Interno Bruto, ou seja, a soma da riqueza produzida no País) de 5,4% alcançada em 2007.

Embora haja consenso de que hoje os fundamentos econômicos brasileiros são bem melhores do que há alguns anos – por exemplo, as reservas do Banco Central somam US$ 190 bilhões e o País passou de devedor à posição de credor internacional – há a perspectiva de que a turbulência iniciada no mercado financeiro americano se alastre também para outros setores e afete a economia mundial.

“Não há blindagem mas o organismo (Brasil) hoje está mais resistente. Dependemos hoje menos do capital estrangeiro para financiar nossa economia”, disse o professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite.

Também há a visão de que no comércio exterior o Brasil tem uma situação melhor, pela diversificação de segmentos em que exporta e de destinos – não vende só aos EUA –, segundo a professora de Ciências Econômicas da Universidade Imes, de São Caetano, Marlene Cardia Laviola.

Apesar disso, muitos analistas concordam que não será possível evitar algum impacto, em conseqüência da desaceleração naquele mercado. “Alguns dizem que o crescimento brasileiro não será de 5,5%, mas de 4,5% e eu compartilho dessa faixa de previsão”, disse o consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o economista Júlio Gomes de Almeida.

No entanto, Almeida, assim como outros, reconhece que é difícil ter clareza em relação à profundidade da crise. “O efeito total dependerá da dimensão que ela irá atingir”, afirma a professora Marlene.

Já o conselheiro do Corecon (Conselho Regional de Economia), Claudio Gonçalves, da Planning Consult Empresarial, avalia que a volatilidade no Brasil está apenas no mercado de capitais e não deve se alastrar.

O consultor não acredita que o crescimento brasileiro será comprometido em 2008, mas ele reconhece que o problema americano não é apenas do ‘subprime’ (hipotecas de alto risco de crédito) mas atinge as instituições financeiras dos EUA.

Dessa forma, investidores podem tirar seus recursos de países emergentes para cobrir posições em que sofreram prejuízos. Gonçalves acrescenta que os riscos não estão afastados para o Brasil. “Problemas de liquidez e solvência dos bancos podem contaminar outros setores e se a crise afetar o setor produtivo, é provável que afete a China. E se for muito grave na China, o problema poderá chegar ao Brasil”, acrescentou o conselheiro do Corecon.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;