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Santo André fecha
hospital da UFABC

Estrutura exclusiva para tratar a Covid foi desmontada e leitos, transferidos para a rede municipal

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
30/07/2021 | 00:01
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Celso Luiz/ DGABC


O piso descascado denuncia a rotina incansável que funcionários do hospital de campanha do ginásio da UFABC (Universidade Federal do ABC) viveram nos últimos 413 dias. São as “cicatrizes de uma guerra”, conforme relatou quem trabalhou por lá. Mas a batalha foi cessada e deixa a sensação de missão cumprida, já que a estrutura de retaguarda começou a ser desmontada ontem, exatamente 30 dias depois da última alta concedida pela equipe médica.

Aberto dia 11 de junho de 2020, o hospital contou com o trabalho de exército formado por 400 profissionais e recebeu ao longo de um ano e 18 dias o total de 3.827 pacientes infectados pelo coronavírus – 70 vidas foram perdidas. Em março deste ano, o equipamento, que tem 190 leitos, sendo dez de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), estava com 95% de ocupação, a maior registrada em todo o período de funcionamento.

Mas no último mês o cenário se transformou num repleto vazio. Mesmo assim, a Prefeitura esperou as taxas de internação, casos e óbitos se manterem em baixa para ter certeza de que já era hora de encerrar atividades.

Apesar da expectativa positiva de contenção da pandemia, o hospital de retaguarda instalado no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia seguirá funcionando, sem previsão de encerramento. Ontem, o equipamento mantinha 60 pessoas internadas em enfermarias e nenhum leito de UTI ocupado. Em todo o município, as redes pública e privada registravam 32% de ocupação em leitos de alta complexidade e 22% de casos leves.

Superintendente dos hospitais de campanha, Victor Chiavegato relembrou que ele e os colegas montaram a estrutura em dez dias. “Ver isso vazio é muito emocionantes, e, mais que isso, podemos fechar essa estrutura com segurança e sabendo que temos retaguarda no Dell’Antonia”, confirmou.

Segundo Chiavegato, os equipamentos utilizados na estrutura serão reaproveitados na rede municipal. Os leitos de média e alta complexidades serão transferidos para o CHM (Centro Hospitalar Municipal) e para o hospital de campanha do Dell’Antonia, para que a cidade não perca a capacidade de atendimento caso aconteça nova alta de casos. Já as camas utilizadas em enfermarias serão destinadas aos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) e os demais aparatos servirão de reforço no Hospital da Mulher e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).

O prefeito Paulo Serra (PSDB) acompanhou a retirada dos equipamentos e agradeceu o empenho dos trabalhadores. “Quando a gente vencer essa guerra de vez, vamos eternizar esse trabalho, de alguma forma, porque isso que estamos vivendo hoje vai ser estudado nos livros daqui muitos anos”, afirmou. “A gente optou por linha de atuação que parece simples, mas que fez diferença. Não deixar nenhum andreense sem atendimento e não tenho dúvida que fizemos a escolha certa, pelas milhares de vidas salvas”, concluiu o chefe do Paço.

Gerente administrativa do hospital de campanha da UFABC, Lúcia Regina Macarielli se emocionou relatando o dia a dia vivenciado nos 413 no local, e salientou que o atendimento humanizado ficará como legado. “Tivemos exército diferenciado, porque aqui trabalharam profissionais que aceitaram entrar nessa luta mesmo quando o vírus ainda era completamente desconhecido. Aqui tivemos time de verdade”, comentou.

O secretário de saúde municipal, Márcio Chaves, revelou que, no início, uma de suas preocupações era a de que os profissionais que atuassem nas estruturas de retaguarda não tivessem suporte suficiente para combater o vírus. “Felizmente não perdemos nenhum profissional diretamente envolvido na linha de frente para o coronavírus”, comemorou. “Eles deixaram legado imenso para a história de Santo André e os munícipes serão eternamente gratos pelo trabalho”, finalizou. 




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