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Antigo abrigo é vizinho indesejado em Santo André
Bruno Ribeiro
Especial para o Diário
14/10/2005 | 08:23
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A antiga Casa Amarela transformou-se em abrigo de assaltantes, viciados e lixo. A acusação é dos vizinhos do espaço na Vila Bastos, em Santo André, onde funcionava entidade assistencial responsável pelo atendimento de moradores de rua mantida pela Prefeitura. A casa funcionou na esquina da rua Itajubá com a avenida José Amazonas até outubro de 2002. Desde então, o imóvel, que é particular, está desocupado. Os vizinhos dizem que por a casa ser particular, é difícil conseguir uma ação efetiva para a solução do problema.

O mesmo terreno abrigou a Casa Amarela e uma serralheria. São duas construções diferentes. Ambas estão desocupadas. Como está completamente abandonado, o local foi palco de vandalismo, pichações e depósito de entulho e lixo. Não há nada impedindo a entrada de pessoas no que restou das casas. Lá dentro, o lixo se acumula aos montes. Há restos de colchão e de cobertores, sinal de que o local serviu de morada para sem-teto. Existe também um forte cheiro de lixo podre e urina. Dentro da casa, tem pichações e as paredes que dividiam a serralheria e a casa foram derrubadas.

"Já tive minha casa invadida oito vezes. Entram no quintal pelo terreno e levam o que vêem", diz a psicóloga Cleusa Corrêa, vizinha do terreno. Ela conta que teve de colocar cercas elétricas em volta da casa. "Não passamos mais a pé durante a noite aqui. Ninguém faz isso. O perigo é eles pegarem alguma moça e levarem para dentro da casa." Ela também reclama do forte cheiro de lixo podre, além de ratos e baratas. "Os ratos são enormes."

"Esse lugar é o esconderijo perfeito para assaltantes, drogados e estupradores", diz o advogado Adão Nery, que mora na esquina da rua Itajubá há 12 anos. Ele diz que já reclamou diversas vezes na Prefeitura, mas que nenhuma ação definitiva para a questão foi apresentada. "Não é uma questão de polícia. Sempre que chamamos, os policiais vêm. O fato é que enquanto isso continuar assim, os criminosos vão agindo", reclama. Segundo o advogado, a quantidade de ratos, baratas e mosquitos na rua aumentou muito depois que o lixo começou a se acumular nas casas.

Segundo os moradores, as queixas com a Prefeitura não surtem efeito. Eles dizem que recebem como resposta a informação de que a Prefeitura não pode fazer obras para isolar o terreno, por ser particular. Só poderia notificar o proprietário a fazer tais obras, e multá-lo caso os serviços não fossem feitos.

Através da imobiliária que tenta comercializar os imóveis, foi possível localizar o advogado Jairo Guimarães, que se apresenta como procurador da proprietária do terreno. Ele não quis divulgar o nome dela. "Ela sabe dos transtornos causados pela invasão de lá. Ela se solidariza com a região e também se sente lesada. Para tentar resolver a questão, já foram feitas cinco obras para fechar as entradas na casa com concreto, sem nenhum resultado. Foram feitos também boletins de ocorrência por vandalismo", afirma.

Apesar de haver mais de uma placa anunciando a venda e locação dos imóveis – com nome da imobiliária e telefone para contato –, a Prefeitura informou que tentou localizar os proprietários, nos endereços cadastrais para notificação, sem sucesso. O Diário encontrou o procurador dos proprietários em menos de um dia. A Prefeitura diz que deve propor ação demolitória das construções. No entanto, não deu prazo para que isso aconteça.




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