Registros telefônicos revelam que um dos sócios do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza trocou pelo menos 37 telefonemas com o comitê financeiro do tucano José Serra durante a campanha presidencial de 2002. Cristiano de Mello Paz, o sócio que fez as ligações, é dono das agências SMPB e DNA, ao lado de Marcos Valério. A assessoria de Serra disse que não iria se manifestar.

Os dados constam dos sigilos telefônicos do publicitário Cristiano Paz, em poder da CPI dos Correios. Por ser o principal sócio do empresário, ele teve os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados.

Apesar das ligações, a prestação de contas do PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral não mostra relações oficiais entre as agências de Valério e a campanha de Serra, hoje prefeito de São Paulo. Não há registro de doações das empresas do publicitário para o tucano ou gastos de Serra com as agências dele.

As ligações entre Paz e o comitê financeiro de Serra foram feitas entre agosto e outubro de 2002, na reta final das eleições presidenciais. Os dados da CPI mostram que o publicitário ligou pelo menos 18 vezes de seu celular em Minas Gerais para outro celular com DDD mineiro, registrado em nome do Comitê Financeiro Nacional - Campanha José Serra Presidente.

Procurado pela reportagem, Marcelo Leonardo, o advogado de Cristiano Paz, afirmou que o publicitário acredita que as ligações tenham sido trocadas com Pimenta da Veiga, ex-ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique e um dos coordenadores da campanha de Serra em 2002. O advogado disse que Cristiano Paz ofereceu serviços de publicidade para a campanha de Serra.

As demais conversas teriam versado sobre amenidades e fofocas da campanha tucana. ‘‘Eles são amigos há 20 anos e se falam semanalmente há muito tempo’’, garantiu.