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Política de Sto.André toma novos rumos
Kléber Werneck e
Vinícius Casagrande
Do Diário do Grande ABC
19/01/2003 | 14:07
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João Avamileno e Mário Maurici sobem. Klinger Luiz de Oliveira Sousa e Pedro Pontual descem. Miriam Belchior e Gilberto Carvalho passam para um novo patamar. Maurício Mindrisz fica entre altos e baixos. A gangorra política de Santo André foi completamente alterada após o assassinato do prefeito Celso Daniel. Ele era ao mesmo tempo o líder soberano e o pacificador das crises políticas do governo e do partido. Com a sua morte, alguns nomes perderam força enquanto que outros tiveram uma ascensão política na cidade.

João Avamileno, vice de Celso e atual prefeito do município, era visto como o homem certo para cargo. Fiel escudeiro, Avamileno atuou durante os cinco anos do governo do prefeito assassinado de forma discreta. Nos momentos em que assumiu o comando do Executivo com a ausência de Celso, o então vice-prefeito nunca desviou o rumo da administração. Nas articulações que já começavam a ser feitas para a sucessão municipal de 2004, seu nome não chegava a ser cogitado para a disputa.

Mas a morte de Celso e a posse de Avamileno na Prefeitura fizeram com que todas essas articulações dessem uma guinada. O atual prefeito se consolidou como líder político do PT andreense e agora é visto como o candidato natural para 2004. Para que seu objetivo se torne uma realidade, Avamileno já começou a alterar algumas estruturas do governo para deixar a sua marca na administração.

A principal ação promovida pelo prefeito foi a reforma administrativa realizada no final do ano passado. Avamileno trocou secretários, extingüiu Pastas e deu mais força a outras. Quem ganhou poder nessa “dança das cadeiras” foi o ex-superintendente do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) Maurício Mindrisz, que estava em uma queda vertiginosa após ter sido afastado judicialmente da autarquia depois de uma ação movida pelo Ministério Público. Impossibilitado de retornar ao Semasa, Mindrisz assumiu o comando da Secretaria de Planejamento, que passou a ter superpoderes, e recuperou seu prestígio no meio político.

Quem caiu com a reforma foi Pedro Pontual, que ocupava a Secretaria de Participação e Cidadania. Nem mesmo a pasta resitiu às mudanças e acabou extinta. Suas atribuições foram transferidas, em sua maioria, para a Secretaria de Planejamento. Após as alterações promovidas por Avamileno, Pontual foi o único que deixou definitivamente o governo. A versão da Prefeitura foi que a saída de Pontual foi uma decisão dele próprio, que alegou que “seu ciclo acabou”.

Em uma conseqüência indireta da morte do prefeito Celso Daniel, quem indiscutivelmente mais perdeu forças políticas tanto dentro do governo como no próprio PT foi o ex-secretário de Serviços Municipais Klinger Luiz de Oliveira, que era um dos homens fortes do prefeito e comandava uma super secretaria. A queda de Klinger veio em junho com a ação criminal movida pelo Ministério Público que o acusa de comandar um suposto esquema de cobrança de propina a empresários do setor de transporte.

Com as denúncias, Klinger não resistiu às pressões e se viu obrigado a deixar o cargo e assumir a cadeira de vereador. Em seu lugar ficou a então secretária-adjunta, Miriam Mos Blois. Após uma mega campanha nas eleições de 2000, Klinger foi eleito, com quase nove mil votos, o vereador mais votado do PT, com a segunda maior votação da cidade. Com a imagem arranhada, poucos acreditam que Klinger possa ter um desempenho semelhante em 2004.

Em uma categoria à parte, Gilberto Carvalho e Miriam Belchior deixaram o governo, mas ganharam prestígio. O ex-secretário de Governo e a ex-secretária de Inclusão Social e Habitação foram convocados para trabalhar diretamente com Lula no Planalto. Não há dúvidas de que Miriam, que é ex-mulher de Celso Daniel, terá forte influência tanto nas decisões de governo como nas articulações dentro do PT de Santo André. Já Carvalho não faz parte do PT andreense (ele mora em São Paulo), mas tem o respeito dos petistas da cidade.

Com a saída de Gilberto da Prefeitura, já no começo do ano para trabalhar na campanha de Lula, abriu-se espaço para ascensão de Mário Maurici, que comandava a Secretaria de Comunicação e passou a ser o secretário de Governo. Seu trabalho em Santo André, principalmente no período em que a cidade foi bombardeada por denúncias, o credenciou para ser indicado como o novo presidente da Ceagesp. Maurici recusou para ficar na cidade.

Apesar de muitos nomes permanecerem os mesmos, Avamileno já começou a mudar a estrutura política do governo. E esse é só o começo de muitas outras mudanças que deverão acontecer nos próximos dois anos.




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