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Resgate de mineiros tem pouco efeito sobre cobre
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/10/2010 | 07:06
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Divulgação


O incrível resgate de 33 trabalhadores que estavam em uma mina de cobre a quase 700 metros de profundidade, no Chile, na semana passada, lançou luzes sobre um setor (a extração do minério) que é importante para esse país e também para a economia brasileira. Além disso, gerou rumores de que o acidente poderia provocar efeitos na indústria brasileira de fios e conexões. Isso porque o governo chileno prepara revisão em normas de segurança do trabalho no segmento e estuda o fechamento de minas mais problemáticas, o que poderia reduzir a oferta e promover o aumento de preços.

No entanto, para o presidente do Sindicel (Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo), Sérgio Aredes, apesar da forte dependência brasileira do insumo importado, a influência do acidente será muito pequena.

A preocupação com o que acontece na mineração chilena se explica. Segundo Aredes, cerca de 90% do cobre concentrado (o minério) consumido no Brasil vem do Exterior e, desse percentual, parte expressiva é importada das minas chilenas. Com 3,7 milhões de toneladas do minério (17,8% da fabricação global) extraídas em 2009, o país vizinho é o segundo maior produtor de cobre do mundo, atrás apenas da China.

Porém, o dirigente afirma que a cotação do cobre já vinha em forte oscilação neste ano, e que essa gangorra de preços não tem relação com o que ocorreu com os mineiros, e sim com especulação com commodities (produtos básicos como minério e petróleo) por parte de investidores nas Bolsas de mercadorias e futuros.

É o que explica, segundo ele, que o cobre tenha passado de cerca de US$ 5.000 a tonelada em janeiro para mais de US$ 8.000 neste mês. "Os minerais não ferrosos estão sendo utilizados como investimento. Isso ainda é resquício da crise nos Estados Unidos e na Europa", afirma.

Aredes acrescenta que as grandes minas do país vizinho já têm sistema de segurança do trabalho bastante razoável e, por isso, o impacto na oferta será reduzido.

Rentabilidade - Com o forte crescimento de mercados em atividades como a construção civil, a indústria automotiva, do petróleo e o ramo de energia elétrica, o setor de fios e conexões de cobre - que conta com grandes empresas no Grande ABC, entre as quais a Prysmian, a Eluma e a Termomecânica - deve crescer mais de 10% em vendas neste ano frente a 2009, de acordo com estimativa do Sindicel.

A entidade do setor observa, entretanto, que as oscilações de preço do minério têm afetado a rentabilidade no ramo de derivados de cobre nacional. Aredes explica que há dificuldades de repasse desses aumentos de matéria-prima, pois as elevações não são aceitas pelo mercado. "As empresas teriam de elevar seus preços, mas não têm conseguido. Com isso, sofrem perda de margens de lucro."




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