A cúpula do G-8 (Estados Unidos, Japao, Alemanha, França, Gra-Bretanha, Itália, Canadá e Rússia) culminou com um encontro entre o presidente americano Bill Clinton e seu homólogo russo Boris Yeltsin, que chegou a Colônia neste domingo ``para fazer as pazes'. O encontro deu lugar a discussoes sobre numerosos temas, como a paz e a reconstruçao de Kosovo e dos Balcas, a dívida dos países do Terceiro Mundo, a economia mundial - incluindo a luta contra os paraísos fiscais e a especulaçao -, a liberalizaçao do comércio, o meio ambiente e a educaçao.

Sorridente, o chanceler alemao Gerhard Schroeder, anfitriao da cúpula, se disse satisfeito com o ``êxito' deste encontro de três dias, embora reconheça que as coisas teriam sido mais complicadas se nao se tivesse chegado a um acordo nesta sexta-feira em Helsinque entre a Otan e a Rússia, o que possibilitou a participaçao russa na força de paz em Kosovo.

Em uma declaraçao, os chefes de Estado e de governo do G-8 indicaram que a Iugoslávia deve efetuar reformas democráticas se quiser receber ajuda internacional para sua reconstruçao, depois das destruiçoes maciças causadas pelos bombardeios da Otan.

No entanto, como outros dirigentes do G-8, Schroeder distinguiu a ajuda humanitária, que nao se pode recusar ``aos habitantes da Iugoslávia' que ``passam fome e frio', da ajuda à reconstruçao.

As conversaçoes relativas à distribuiçao do custo da reconstruçao se realizarao mais tarde: em julho haverá uma conferência de doadores para examinar o assunto da ajuda imediata para Kosovo e posteriormente se organizará outro encontro para coordenar a ajuda a longo prazo para toda a regiao.

Schroeder insistiu no papel essencial da Rússia para alcançar a paz na Europa, enquanto o presidente americano se declarou favorável a uma ``reduçao parcial da dívida soviética' durante o encontro que manteve com Yeltsin.

Dois terços da dívida russa, estimada em 140 bilhoes de dólares, sao de origem soviética. A renegociaçao da dívida russa depende da aplicaçao por Moscou de um programa de reformas econômicas ``mais ambiciosas', indicou por sua vez o G-8 no comunicado final.

Por outro lado, os dirigentes dos sete países mais ricos acertaram nesta sexta-feira aliviar em bilhoes de dólares a dívida dos países mais pobres. Estima-se que a reduçao líquida total pode ser de 70 bilhoes de dólares.

O montante global da dívida dos 41 países mais pobres se eleva a 214 bilhoes de dólares. Este acordo inclui dois aspectos: aliviar a dívida multilateral dos países pobres com o FMI e o Banco Mundial e reduzir o que devem esses países aos países ricos.

A reduçao compreenderia 50 bilhoes de dólares de dívida nominal às instituiçoes multilaterais e 20 bilhoes de dólares de dívida bilateral. Entretanto, o montante desta reduçao é bem modesto se se leva em conta que muitos países têm taxas de juros sobre sua dívida inferiores às taxas do mercado.

Se esse dados forem levados em conta, o benefício total da reduçao da dívida para esses países será de 27 bilhoes de dólares, disse Schroeder.

Por sua vez, os organizadores da campanha Jubileu 2000 consideraram incipiente a decisao tomada pelo G-7 para reduzir a dívida externa dos países mais pobres. E por isso, 20.000 pessoas se deram a mao, neste sábado em Colônia, para formar uma corrente humana de 9 km, num ato destinado a exigir o cancelamento total e imediato da dívida externa dos países pobres.