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Ex-prisioneiros iraquianos revelam torturas em prisões
Da AFP
09/05/2004 | 15:53
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Ex-detidos iraquianos testemunharam várias humilhações sofridas nas prisões americanas, seja em Abu Ghraib, no aeroporto de Bagdá ou na cadeia de Um Qasr, no sul do país.

Quussaï Mehauich, 23 anos, ficou detido cinco meses em Camp Tiger, em Camp Bagdadi (província de Al-Anbar), em Abu Ghraib (oeste de Bagdá) e em Um Qasr porque, disse ele, os americanos procuravam seu pai, ex-general do exército de Saddam Hussein.

Preso a 26 outubro, fui levado a Camp Tiger para um primeiro "interrogatório" de duas horas em mãos americanas. "Me bateram com uma matraca, batiam nas costas para não deixar sinal. Uma vez, recebi uma descarga elétrica na nuca. Devia também ficar sentado sobre os joelhos: eles batiam e não pudia me mexer. Quando caí, um soldado colocou sua pistola contra minha testa: disse que ia me matar, apertou o gatilho mas não tinha bala", conta ele.

Dez dias mais tarde, ele foi transferido para Camp Bagdadi onde foi submetido a novas brutalidades. "O interrogador me disse: 'eu sou o diabo'. Me colocou em um saco de dormir e enrolou meu corpo com um longo cinturão, depois pôs minha cabeça em um saco plástico e o fechou. Eu sufocava, achei que ia morrer", continua. Depois transferido para Abu Ghraib e Um Qasr, disse ter sido bem tratado.

Najm Makhid, comerciante de 50 anos, ficou detido seis meses em Abu Ghraib, acusado de pertencer a um grupo islâmico, e solto a 4 janeiro. "Nos interrogatórios, me bateram, cuspiram em mim. Amarraram meus braços no alto e me queimaram com cigarros. Quando eu falava que estava cansado, me batiam. Me prenderam fios elétricos nos braços e nos pés mas não houve descarga, era só pra amedrontar", disse ele.

"Um prisioneiro me contou que foi despido e que uma soldado o agarrou pelo pênis e o mostrou assim aos prisioneiros", prossegue Makhid que reconhece ele próprio não ter assistido a tais cenas.

Khairallah Wali, comerciante de 65 anos, foi detido 33 dias em Um Qasr na primavera 2003. Um atestado médico assinala que ele teve duas costelas quebradas. Mostra fotos de suas mãos cheias de cicatrizes.

Omar Motaleb, estudante de 19 anos, foi preso em junho de 2003, acusado de vender armas e de pertencer ao grupo islamita Ansar al-Islam. Ele ficou quatro meses preso principalmente no aeroporto de Bagdá, onde foi "interrogado" durante três dias.

"Eu devia me agachar e me levantar até o esgotamento, ficar sentado sobre os joelhos durante horas, só podia dormir meia hora por dia", disse.

Estas testemunhas foram interrogadas à margem de uma conferência de imprensa organizada neste domingo pela ONG International Occupation Watch Center, que denunciou "a tortura (...) sistemática em todos os campos de detenção, em todo o Iraque", e por uma associação iraquiana, Iraki Institution For Human Rights.




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