Cultura & Lazer Titulo Menos de 30 anos
Universo paralelo

Artista de Santo André Giovani Caramello foi apontado como destaque das artes pela ‘Forbes’

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
31/03/2019 | 07:13
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Nario Barbosa/DGABC


O sistema solar é composto, oficialmente, por oito planetas. Esta afirmação, no entanto, não convence o artista hiper-realista andreense Giovani Caramello, 28 anos, que acaba de ser mencionado pela revista Forbes na edição especial Under 30 como o destaque brasileiro abaixo dos 30 anos no setor das artes visuais. Para ele, ‘existe’ um a mais em órbita, que completa um universo paralelo: o seu ateliê. É que é neste espaço, na Vila Alpina, em Santo André, onde ele passa a maior parte dos seus dias e em que ‘dá vida’ a peças que são de cair o queixo, literalmente.

“Aqui é o local que eu consigo ser eu mesmo. Todo artista tem essa questão de quando está produzindo ser quem ele realmente é. Aqui (ateliê) é o único lugar onde consigo fazer isso. É um ambiente que tem todas as condições favoráveis para conseguir produzir, me expressar. É minha caverna mesmo, onde passo o dia inteiro praticamente, fim de semana, feriado, aqui é onde vivo”, diz Caramello.

Parte das obras produzidas neste espaço poderá ser vista de maneira inédita, nesta semana, na SP-Arte, que será na Bienal do Ibirapuera. Uma, em especial, replica da obra Nikutai – Corpo de Carne, que retrata um dançarino de Butoh, dança japonesa que surgiu no pós-guerra, e foi feita pela primeira vez para a exposição 50 Anos de Realismo – Do Fotorrealismo à Realidade Virtual, que ficou em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, e agora está em Brasília. Feita em resina, ela tem 2,50 metros de altura e foi a primeira em grande escala que produziu.

De tão realista, suas veias parecem pulsar. Tanto que chamou a atenção de quem passou pelo prédio histórico de São Paulo. “Acho que foi divisor de águas na minha carreira na questão de dar mais visibilidade fora da bolha que a gente estava. Tem uma galeria de Londres que acabou conhecendo meu trabalho por lá (mostra), e estamos conversando”, revela. Na SP-Arte, haverá três delas, além das que replicam a a imagem de uma mulher nua feita em gesso e outra de um homem negro. Elas serão vendidas, em média, por R$ 30 mil cada.

Mas Caramello não é ligado nisso nem a títulos, como da Forbes. O que o faz diariamente mover suas ferramentas – devidamente organizadas em seu planeta particular, que também conta com lista de afazeres cronometrada, ‘que nem sempre consegue cumprir’, livros ligados à arte, e inúmeros estudos – é a paixão que o acometeu quando pôde, pela primeira vez, esculpir uma peça. Autodidata, desenvolveu a técnica hiper-realista, que faz com maestria, e pensa agora em desenvolver os desenhos e pintar. É fã do Expressionismo e das obras de Michelangelo.

Embora seja difícil para um artista citar uma obra como preferida, elege, sem titubear, a primeira, intitulada Sozinho (à esq.). “Gosto dela porque fiz em um momento que estava despreocupado com o mercado, em vender a peça, coisas do tipo, foi tão natural que acho que ela foi mais sincera.”

E como você se vê daqui dez anos? “Tenho o sonho de trabalhar na Itália um tempo, não morar para sempre, mas, de repente, daqui dez anos estar trabalhando. Lá tem muito acesso a materiais e técnicas. É realmente um outro mundo.” Alguém duvida? 




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