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Sinfônica andreense brilha em Campos do Jordão
João Marcos Coelho
Especial para o Diário
11/07/2004 | 17:56
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A chuva não conseguiu estragar a belíssima festa musical proporcionada sábado, às 12h30, na Praça de Capivari, em Campos do Jordão, pela Orquestra Sinfônica de Santo André e seu regente titular Flavio Florence.

Aquaticamente à vontade – e protegidos por um moderno e amplo palco à frente do qual se espremeu boa parte do público –, músicos, maestro e platéia distribuída pelas marquises das lojas da praça mais badalada de estância paulista de inverno curtiram as delícias de um programa dividido entre peças sinfônicas ligeiras e a participação do nosso casal 20 lírico em grande forma: a soprano Rosana Lamosa e o tenor Fernando Portari.

Em anos passados, este espaço era preenchido com atrações de música popular. Seu status agora mudou. O diretor artístico do 35º Festival de Inverno, maestro Roberto Minczuk, presente ao concerto, acertou em cheio ao restaurar à Praça de Capivari a dignidade que merece: um local privilegiado para a melhor música.

Ao combinar em doses exatas os comentários precisos e informais sobre cada uma das peças com a execução propriamente dita, Florence conseguiu fazer boa música e certamente deve ter conquistado muita gente para a música de concerto.

A parte sinfônica incluiu boas leituras das aberturas de O Guarani de Carlos Gomes e de Nabucco, além do Samba da Suíte Brasileira de Alexandre Levy, o Ponteio de Cláudio Santoro e a oitava dança eslava opus 46 de Dvorak. A orquestra andreense vive uma excelente fase. Entregou-se com muito empenho e talento a este repertório, poucos dias depois de ter apresentado em São Paulo e Santo André a complexa Quarta Sinfonia de Gustav Mahler.

Mas o casal Fernando-Rosana foi a estrela do chuvoso sábado em Campos do Jordão. Marido e mulher, ambos dominam a cena lírica brasileira atual – com justiça. Portari começou com uma bela Una furtiva lagrima, de L’Elisir d’Amore de Donizetti, debaixo de chuva, justamente a ópera em cuja montagem os dois se apaixonaram e decidiram casar-se tempos atrás. Seu timbre brilhante também foi decisivo para a ovação recebida por sua leitura de Nessun Dorma, da Turandot de Puccini. Rosana Lamosa não deixou por menos em outros dois eternos sucessos dos palcos líricos: O mio babbino caro, de Gianni Schicchi de Puccini, e sobretudo na contagiante Je veux vivre, do Romeu e Julieta de Gounod.

O dueto final – a conhecidíssima Sento uma forza indomita, do Guarani de Carlos Gomes – fechou em grande estilo, e já sem chuva, um concerto à altura da restauração deste espaço no Festival de Inverno. Tão bom quanto o da semana passada, quando John Neschling e Roberto Minczuk dividiram o mesmo palco, à frente da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo).




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