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O Haiti não é aqui!
Por Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
28/02/2010 | 07:12
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Que o Haiti precisa de ajuda, você sabe. O que talvez não tenha noção é que isso já era necessário muito antes do terremoto, que destruiu o pouco de infraestrutura que existia lá. Localizado no Caribe, o país é considerado o mais miserável das Américas e sua história é marcada por problemas.

Foi colonizado pela França que, além de explorar recursos naturais, abusou muito dos escravos. Tanto que eles se cansaram das terríveis torturas e, em 1791, iniciaram a primeira revolta desse povo que deu certo. Dez anos depois, declarou independência, consolidada em 1804. Na época, Estados Unidos eram o único país independente nas Américas.

O Haiti, que já era pobre, ficou com menos dinheiro ainda quando, em 1862, a França exigiu indenização gigantesca por conta do massacre de franceses ocorrido durante a revolta dos escravos. A dívida foi paga somente em 1947.

Instabilidade - Um dos principais dirigentes do país foi o ditador François Duvalier, mais conhecido como Papa Doc. Em 1957, ele instaurou governo violento, que oprimia a população por meio de um tipo de polícia particular, os tontons macoutes (algo como bichos-papões).

Em 1971, com a morte de Papa Doc, o comando passou para seu filho Jean-Claude Duvalier, que ganhou o apelido de Baby Doc. O povo se revoltou com os abusos e, em 1986, o presidente teve de fugir para a França, limpando os cofres da nação. Desde então, o país sofre instabilidade política.

Mais problemas - Com 9 milhões de habitantes, o Haiti tem muitos problemas econômicos. Possui dívida bilionária com a comunidade internacional (que estudava cancelá-la antes mesmo da tregédia). A agricultura é ultrapassada e quase não produz. A pequena indústria faz, em geral, bolas de basebol e, acredite, roupas vendidas por grandes grifes mundiais. Sabe por que? Os haitianos cobram muito pouco para fabricá-las.

Há ainda o drama ambiental. Florestas foram devastadas para abastecer os fogões a lenha. Por isso, o solo está tomado pela erosão e a maior parte das nascentes dos rios já secou; o mesmo ocorre com os lençóis freáticos. Além disso, a única fonte de energia do país é o sol. No entanto, não há dinheiro para investir em produção de energia solar.

Assustado? Calma, há esperança. É preciso reconstruir o Haiti. Para isso são necessários US$ 14 bilhões. O trabalho será árduo e demorado. Pelo menos agora, o mundo não ignora mais o país.

Consultoria do professor de Economia Internacional da Faap, Georges Landau, que viveu no Haiti durante dois anos como representante do Bid

Terremoto superou a tragédia do tsunami asiático
O terremoto que devastou o Haiti na tarde de 12 de janeiro atingiu 7 pontos na escala Richter (sistema que mede a magnitude de tremores e vai até 9). Calcula-se que a tragédia tenha provocado 300 mil mortos. Há ainda milhares de feridos e milhões de desabrigados. Muitos ainda vivem perambulando sem ter onde ficar. Outros vivem em cabanas improvisadas.

A tragédia já superou o tsunami que arrasou a Ásia em dezembro de 2004 e matou 220 mil. Entre as vítimas fatais no Haiti, estavam 18 homens do Exército brasileiro e outros três civis, incluindo a fundadora da Pastoral da Criança Zilda Arns.

Tudo está um caos no Haiti. Até os prédios públicos da capital Porto Príncipe, que tinham as melhores estruturas, ruíram. Como os hospitais também foram destruídos, muitos feridos tiveram de ser transferidos para outros países. O medo, agora, é quanto ao surgimento de epidemias, porque não há as mínimas condições de saneamento básico e higiene. Assim, as doenças podem aumentar ainda mais o número de vítimas. Outra grande preocupação é a violência. Embora esteja sendo contida, ocorreram mortes por causa de saques. Campanhas pelo mundo todo estão sendo realizadas, inclusive com a participação de celebridades da música e do cinema.




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