O terror escatológico e imoral do escritor francês Marquês de Sade (1740-1814) baixa novamente na Praça Roosevelt, em São Paulo, com a reestreia da "Trilogia Libertina", do grupo "Os Satyros", que a partir de sexta-feira traz de volta "A Filosofia na Alcova", "Os 120 Dias de Sodoma" e "Justine".

As obras são adaptadas e dirigidas por Rodolfo García Vázquez e trazem o universo grotesto do escritor libertino, que usava principalmente o sexo para tecer críticas morais à sociedade com a qual convivia.

"Existem dois impulsos fundamentais para Marquês de Sade: o sexo e a morte. São esses impulsos que dominam a humanidade e por meio deles é que se encontram as variantes da relação humana, como poder e subordinação", conta Vázquez sobre a utilização do tema nos escritos de Sade.

Justine, que é a última adaptação do grupo para os textos do autor, conta a história da religiosa Justine, que tenta manter a pureza convivendo em um mundo de crimes, torturas e depravações. Ela é confrontada principalmente por sua irmã, Juliette, que vive uma vida de prazeres e sucesso.

A Filosofia na Alcova é sobre aulas de educação sexual para uma jovem virgem, que é apresentada ao sexo em aulas teóricas e práticas. Sua mãe, em visita ao castelo onde ela aprende a libertinagem, é confrontada moralmente por sua própria filha e pelos mentores dela.

Nas profundezas da busca pela satisfação sexual está "Os 120 Dias de Sodoma", um relato sobre nobres devassos que ultrapassam os limites em busca de prazer.

"Têm algumas imagens do texto de Sade que são quase abstratas. O que a gente tenta é uma aproximação dramática desse universo. No palco temos de contar com a imaginação do espectador para tocar o terror", completa Vázquez, que acrescenta que as três peças revelam uma abordagem prismática da obra do escritor.

Justine, 6ª e sáb., às 21h. A Filosofia na Alcova, 6ª e sáb., às 23h59. Os 120 Dias de Sodoma, dom., às 20h30. Espaço Os Satyros - Praça Roosevelt, 134, São Paulo. Tel.: 3258-6345. Ingr.: R$ 30. Até 28 de março.