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Enxuto e Pop

Figurino e banda simples destacam a voz de Ney Matogrosso na turnê que estreia hoje em São Paulo

Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
13/11/2009 | 07:01
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"O Ney Matogrosso voltou, mais romântico e suave", diz a mídia. A verdade é que ele nem mesmo foi embora. Não havia nem bem tirado a roupa-tatuagem de tule com lycra cor da pele, a marca do seu último show, Inclassificáveis, e já estava lançando seu novo disco, Beijo Bandido, que estreia turnê hoje, em São Paulo.

"Era uma necessidade minha fazer algo mais introspectivo, menos pra fora. Eu queria descansar da exposição física à qual fui submetido no último espetáculo", conta Ney.

Mesmo durante os dois anos em que esteve em cartaz com o trabalho anterior, o cantor começou a montar, calmamente, o repertório deste disco. E a testá-lo em shows. "O bom de trabalhar nesse formato é que me dá possibilidade de perceber de que maneira o repertório bate no público. Esse show não é o que eu estreei no início de 2008. Acabei excluindo Veleiros e Tema de Amor de Gabriela. Percebi que o show ficava sério nesse momento. Não era o que queria".

O cantor admite que está mais romântico, mas diz que se há uma marca para definir Beijo Bandido é pop. "A concepção do trabalho é romântica, não melosa. Queria que ele fosse moderno e variado. Tem tango, bolero, rock, canções brasileiras e até Piazzolla."

Ney montou uma banda intimista, com cello, percussão, violão e violino. "Eu perguntei se dava pra cantar tudo que eu quero com essa formação. E não é que dá mesmo? E fica tudo muito mais elegante, menos espalhafatoso."

O violino é instrumento referencial desse novo trabalho. "Ele dá um toque lindo. É o único instrumento que me toca emocionalmente. Acho que com o público será assim."

A falta de fantasias, e a redução de instrumentos, inevitavelmente provoca exposição maior da voz e traz um pouco de insegurança. "Eu tenho que estar com a voz perfeita, tinindo. Fico inseguro por não ter garantias contra uma gripe, por exemplo."

Estar no palco de terno não o faz virar o Ney de Sousa Pereira. "Para mim tudo é teatro. Subo no palco como um ator. Aqueles assuntos que eu estou tratando não fazem parte do meu momento."

Cantar músicas de amor, para Ney, significa tornar o público destinatário de uma relação afetuosa "Eles são as pessoas com quem eu vivo os romances das minhas canções."

O repertório do disco é plural. Vai de Tango Para Tereza, clássico da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim a Nada Por Mim, contemplando ainda Segredo, de Herivelto Martins, e Mulher Sem Razão, de Cazuza.

"Fiz a seleção de coisas que já havia gravado, algumas em parcerias, e que não haviam sido lançadas", diz Ney, que ainda canta Roberto Carlos pela primeira vez, com À Distância.

Ney, que só traz a inédita A Cor do Desejo neste trabalho, rebate o uso do termo. "O ineditismo está na junção do repertório. No momento em que você pega músicas conhecidas e as amarra num conceito, cria algo novo."

O filme Luz nas Trevas, em que o cantor interpreta o Bandido da Luz Vermelha, está em fase de finalização. O documentário Olho Nu, que traz imagens de sua história está sendo montado e seis músicas estão reservadas para o próximo disco.

Tanta disposição vem desmentir os que afirmam que medalhões da MPB vivem em ócio criativo. Para Ney, criar é "estar com as antenas sempre abertas. Pronto para ouvir e viver o que lhe cair às mãos e o tocar profundamente".

Ney Matogrosso - Show. No Teatro Bradesco do Bourbon Shopping São Paulo - Rua Turiassu, 2.100. Tel.: 3670-4141. Hoje e amanhã, às 21h. Dom., às 20h. Ingr.: R$ 80 a R$ 250




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