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Matt Damon em comédia fraca
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
16/10/2009 | 07:00
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O esforço do diretor Steven Soderbergh para criar uma trama instigante e a notória entrega do ator Matt Damon ao trabalho de caracterização do protagonista não foram suficientes para que "O Desinformante!", atingisse resultado acima do mediano.

A comédia, que estreia hoje em circuito nacional (não haverá exibição no Grande ABC) foi adaptada do livro de Kurt Einchenwald, produtor do filme, que relata um dos maiores escândalos corporativos da história dos Estados Unidos na década de 1990.

Quinze quilos mais gordo, Damon interpreta o jovem bioquímico e executivo Mark Whitacre, estrela ascendente do poderoso conglomerado agrícola ADM. Seja por ressaca moral, manifestação repentina de altruísmo ou simples interesse em sabotar os chefes, ele resolve denunciar a participação da empresa em cartel para a fixação do preço do lisine, novo aditivo alimentar.

ESPIÃO - Whitacre passa a atuar como informante dos agentes do FBI Brian Shepard (Scott Bakula) e Bob Herndon (Joe McHale), o que leva o espectador a acreditar nas boas intenções do atrapalhado denunciante. Em sua imaginação, o executivo ganhou poderes de espião maiores que os de 007. Não à toa, ele intitula-se 0014, "porque é duas vezes mais esperto que 007."

Entretanto, o discurso inverossímil do personagem, apresentado pelo diretor Soderbergh como incorrigível mitômano, leva os policiais à loucura e muda completamente o foco das investigações.

Ao apresentar dados cada vez mais incoerentes (por conta de fatores explicados posteriormente), o bioquímico envolve-se em situações divertidas. Em reunião gravada com os manda-chuvas da empresa, por exemplo, demonstra incompetência, ao posicionar-se bem em frente à câmera escondida.

Excêntrico, o Whitacre representado na tela cativa pelas ideias incomuns que alimenta em momentos prosaicos do cotidiano: ao caminhar pela rua, fazer uma refeição ou chegar ao trabalho. "Devia haver um programa de TV sobre um cara que liga para casa um dia e ele mesmo está lá. Ele responde, vai ver que é outra pessoa. Está dividido em dois", divaga o executivo.

A boa atuação de Damon, amparada pela perfomance de Melanie Lynskey como a submissa mulher Ginger -, remete à versatilidade apresentada pelo ator em "O Talentoso Ripley", longa em que interpretou outro farsante.

Além dos destaques do elenco, a capacidade de produzir humor a partir de tema complexo é outra virtude do filme de Soderbergh (mesmo diretor da biografia épica Che e da série de comédias de ação iniciada com "Onze Homens e um Segredo").

Mas o excesso de informações e a maneira como são mostradas confundem o espectador e comprometem o resultado final.




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