D+ Titulo Universo feminino
Quando elas intimidam
Raphael Ramos
Do Diário do Grande ABC
08/03/2009 | 07:00
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A revolução assistida pelo administrador de empresas Rafael Batista, 25 anos, em relação ao universo feminino nos últimos quatro anos ainda o deixa assustado. Principalmente quando o assunto é sexo e relacionamento.

Depois de um longo namoro, Batista está solteiro há oito meses. No retorno à caça nunca imaginou que, muitas vezes, estava na verdade no papel de presa. Pois é assim que ele se sente nas baladas que frequenta no Grande ABC ultimamente.

"Agora está muito mais fácil conquistar uma mulher. Não dá nem para comparar com o período antes do meu namoro. Elas estão muito mais dispostas", afirma.

E exemplos para comprovar a sua tese não faltam. O último aconteceu há duas semanas, em um barzinho em Santo André. "Estava em uma mesa com uns amigos, quando percebi uma garota acompanhada, que estava em outra mesa. Não parava de olhar para mim. Nem dei muita bola, mas ela esperou o namorado ir embora e mandou o garçom me entregar um guardanapo com o telefone dela. Confesso que fiquei até um pouco intimidado com aquela situação", diz.

Diante de tantas facilidades, um assunto que até então parecia tabu entre as mulheres tem se tornado rotineiro: o sexo sem compromisso. Homens já não se esforçam tanto para levar uma garota para a cama. Não precisam mais sair para jantar, pegar um cinema ou ir ao teatro.

Se antes somente as mulheres reclamavam da falta de compromisso, hoje já tem homem que se queixa deste avanço no relacionamento. É o caso do engenheiro

Fernando Soares, 36 anos. Solteiro, ele ainda tenta encontrar o par perfeito, mas confessa que está difícil. E culpa o sexo oposto. "As mulheres só querem curtição e nada mais. É complicado achar alguém que esteja disposto a um relacionamento mais sério."

Não faz muito tempo, ele conheceu uma garota e, por iniciativa dela, logo na primeira noite foram para a cama. No dia seguinte, Soares ligou, mandou mensagem pelo telefone celular e chegou até a descobrir onde ela trabalhava para enviar flores, mas até hoje está esperando resposta.

Soares não desiste. Aposta que, com seu perfil de amante à moda antiga, ainda vai conquistar a garota dos seus sonhos. "Mulher é um bicho estranho. Se tentamos agradar, somos chatos. Se não damos bola, somos cafajestes."

Os tempos não mudaram apenas para quem está na caça. Casados e namorados também sentem na pele a transformação nos relacionamentos. É verdade que cada caso é um caso, mas em pelo menos um quesito todos concordam: as mulheres estão mais exigentes e querem "homens completos".

Por mais contraditório que possa parecer, não querem maridos ou namorados que façam tudo do jeitinho que elas pedem. Muito menos que agradem apenas para não ouvir reclamações. Amar é diferente de servir.

Em uma relação de igualdades, cabe ao homem questionar quando necessário, expor suas opiniões. Enfim, fazer valer as suas vontades. Sempre, é óbvio, respeitando a companheira. E vice-versa.

O vendedor Sérgio Ferreira, 25 anos, casou, separou e casou de novo com a mesma mulher. Agora, garante que o relacionamento é completamente diferente. Mais maduro, mais igual.

"Mulher cobra atenção. Ela quer que o homem esteja junto, dê carinho. Mas isso tem de ser feito da maneira certa, senão cai em uma rotina desgastante e chata. Esse é o grande desafio de um namoro ou de um casamento: não deixar cair na rotina. Para isso, os dois têm deveres e direitos. O que vale para um, também vale para o outro", diz.

Antes de se casar, Ferreira tinha um grupo de samba e se recorda do clima das noitadas às quais frequentava. "Ninguém é santo. Muito pelo contrário. Se em um relacionamento homens e mulheres são iguais, fora dele também é assim. É raríssimo encontrar alguém que só vai para a cama quando já tem um compromisso mais sério com a outra pessoa", afirma.

Nem só de curtição, azaração e balada é feito o relacionamento entre homens e mulheres. Leandro Stefanni Albanesi, 28 anos, é músico. Toca com frequência na noite do Grande ABC com sua banda de reggae e conquistou algumas fãs. Mas seu coração só tem lugar para uma mulher: Vanessa Muniz Caproni, 23, com quem namora há sete anos. A maior prova de seu amor está na tatuagem do rosto da namorada que fez logo no início do namoro.

"Teve muita gente que achou que era uma loucura, principalmente porque a gente estava só começando. Mas eu sabia que estava certo e o tempo mostrou isso", revela.

Albanesi se orgulha de ter um namoro maduro e estável. Até mesmo o fato de ser músico, o que poderia gerar crises de ciúmes ou estresse por parte de Vanessa, não interfere no relacionamento. "No palco, sou a atração do local, mas ela sabe que sou profissional. E mais do que isso, sabe o que sinto por ela", afirma. "Não há mais espaço para o machismo. O respeito tem de ser mútuo."




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