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Risco ambiental atinge 170 postos

Postos revelam-se irregulares não apenas quando adulteram gasolina, mas também quando contaminam solo

Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
30/06/2008 | 07:03
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A maioria dos consumidores desconhece o risco, mas boa parte dos postos de combustíveis revela-se irregular não apenas quando adultera gasolina, mas também quando não realiza a manutenção dos tanques, causando a contaminação do solo e, em alguns casos, do lençol freático. No Grande ABC, esta é a situação de 43,5% dos estabelecimentos.

Dados da Cetesb mostram que dos 390 postos, 170 estão em áreas contaminadas. Destas, 103 dividem-se entre Santo André e São Bernardo. A irregularidade fica escondida debaixo da terra. Quem abastece o carro raramente preocupa-se com aspectos ambientais. A atenção é superficial, limita-se à checagem da qualidade e quantidade recebida no veículo.

"Na hora de abastecer, minha preocupação é com o preço e a qualidade do combustível. Nunca parei para pensar se o posto contamina o solo. E também não tem como saber", afirma o analista de sistemas, Alberto Barletta, 50 anos.

A falta de cuidado com a armazenagem do combustível - que nestes casos é feita em tanques velhos, sem manutenção e propícios à corrosão -, traz conseqüências para parte da população que se abastece da água de poços artesianos ou daquela que utiliza o solo para plantação. A contaminação do solo freático também encarece o tratamento da água distribuída pelas concessionárias.

Para o coordenador do curso de Engenharia Química do Centro Universitário FEI, Professor Luiz Carlos Bertevello, a população de baixa renda, que não tem acesso a água tratada, assume os maiores riscos. "Existem regiões que acessam água sem tratamento. Já vi caso de derramamento de gasolina que vai direto para um corpo d'água utilizado pela população, principalmente solventes. Até metal pesado vai parar em água", explica.

Cumprir as normas do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que exigem a obtenção de licença ambiental mediante controle da armazenagem e remediação do solo (em caso de contaminação), é fácil, mas exige alto investimento. O assessor do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABC), Roberto Rodrigues, informa que a adaptação pode custar até R$ 400 mil.

"Algumas distribuidoras ajudam, mas quem tem posto bandeira branca não consegue pagar pelo tanque ecológico, que é vedado e tem duas paredes para evitar que o vazamento chegue ao solo. Não temos incentivo do governo. Mesmo assim, a maioria caminha para a regularização, segundo determina o Conama."

Para alcançar o conceito de posto ecológico, além do tanque vedado e das licenças devidamente atualizadas, são exigidas práticas de monitoramento da água, solo e ar, armazenamento adequado do óleo utilizado ou retirado dos carros, construção de caneletas ao redor da área de abastecimento e plano de gerenciamento de efluentes, entre outras medidas de proteção do terreno. (Colaborou Cristiane Bomfim)




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