Cultura & Lazer Titulo Teatro do Oprimido
Teatro para mudar o cenário
Por Natane Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
25/06/2008 | 07:01
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Teatro na periferia. Periferia no teatro. Este não é só o tema do III Encontro Nacional de Teatro do Oprimido, realizado em Santo André, a partir de amanhã, como também a razão para que ele exista.

Junto com o encontro, a Prefeitura promove o Seminário Teatro e Transformação Social. O evento segue até domingo, com debates, apresentações e laboratórios com especialistas e companhias de todo País. Para o primeiro dia não há necessidade de inscrição prévia; para os demais, os interessados devem reservar vaga pelo telefone 4433-0194 ou pelo e-mail arpinto@santoandre.sp.gov.br.

A relevância do encontro não está somente no intercâmbio entre os grupos da região que utilizam as técnicas do Teatro do Oprimido com trupes de Curitiba, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, mas na união, em um mesmo espaço, de ícones do teatro de resistência brasileiro como José Renato, fundador do histórico Teatro de Arena; Iná Camargo, professora doutora em filosofia e pesquisadora da produção de Brecht; e César Vieira, um dos fundadores do Teatro União e Olho Vivo, grupo que já completa 42 anos de estrada.

Organizado por Armindo Rodrigues Pinto, coordenador do Programa do Teatro do Oprimido de Santo André, o seminário levará à luz o que é o teatro de transformação feito atualmente no Brasil, tendências, novas maneiras de subsistência, quem são e onde estão as companhias que se dedicam ao chamado teatro social.

Além de espetáculos encenados por integrantes dos projetos da região, o encontro contará com montagens desenvolvidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), pelo FTO (Fábrica de Teatro do Oprimido de Londrina) e pelo Grupo de Teatro do Oprimido da Universidade Federal de Ouro Preto, entre outros. A programação completa por ser conferida pelo telefone de inscrições e pelo site da prefeitura www.santoandre.sp.gov.br.

Na estrada - "Nós utilizamos a tática Robin Hood. Tiramos de um lado, para colocar em outro", explica César Vieira. Advogado de formação, ele conta que a maneira de manter os grupos financeiramente é por meio de editais e da venda de apresentações às prefeituras de cidades do Interior e organizações. "A gente recebe de um lado para poder levar as peças à periferia, gratuitamente ou a preços simbólicos", esclarece.

Com um currículo de 4.000 apresentações, mais de 3,5 milhões de espectadores e participação em 21 festivais de teatro popular em todo mundo, o grupo União e Olho Vivo é prova viva da resistência de um teatro avesso à arte pela arte. "Queremos fazer algo mais. Algo que fale a linguagem popular, que seja o reflexo do povo brasileiro", diz Vieira. "Antes de qualquer coisa, somos contadores de histórias".

Assim como o União, essas companhias são formadas por profissionais de todas as áreas que dedicam parte de seu tempo para promover a arte como transformação social.




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