A secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho (PT), deve realizar reunião daqui duas semanas com todos os 28 vereadores para explicar denúncias envolvendo sua Pasta. A data foi estimada pelo presidente da Casa, Tião Mateus (PT). O martelo será batido na próxima semana, quando a base governista decidirá detalhes do encontro com o prefeito Luiz Marinho (PT).

Alguns pontos da ida de Cleuza à Câmara já estão definidos. Entre eles é a garantia de que ela não terá de enfrentar plenário lotado. A explanação será reservada apenas aos parlamentares, provavelmente no auditório da Casa.

“Ela sempre se colocou à disposição desta Câmara. Já se reuniu com a base e convenceu muitos vereadores (de que não há irregularidades). A mim, por exemplo, ela convenceu. Mas precisamos conversar com o prefeito antes de fecharmos todos os detalhes”, adiantou Tião Mateus. Segundo ele, o feriado de segunda-feira dificulta a antecipação da ida de Cleuza à Casa.

Levar a secretária ao Legislativo foi estratégia do governo para evitar que a petista fosse convocada pelos parlamentares. Havia consenso até entre integrantes da base do Paço de que Cleuza teria de ser intimada a dar sua versão sobre escândalos de sua Pasta.

Para não gerar ainda mais desgaste à imagem da petista, Marinho interveio e sugeriu reunião a portas fechadas com os vereadores. Agora, situacionistas e oposicionistas debatem como o encontro será conduzido. A bancada de oposição quer adotar formato de debate, com perguntas, respostas e réplicas. Petistas entendem que Cleuza tem de apenas comentar questionamentos previamente feitos.

Ação penal foi aberta pela Justiça, a pedido do Gaeco ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, após investigação das licitações para compra de tênis e mochilas à rede municipal em 2009. O MP apontou desvio de pelo menos R$ 4 milhões por causa de atuação de cartel e superfaturamento. Além de Cleuza, outras 19 pessoas foram denunciadas, entre elas três procuradores municipais e Sérgio Moreira, ex-consultor técnico da Secretaria de Educação e braço-direito de Cleuza.
Desde o início da apuração por parte do Gaeco ABC, o governo e Marinho têm evitado comentar sobre o caso.

Minami tem primeiro ato contra secretária de Educação

O vereador Hiroyuki Minami (PSDB) se movimentou ontem, pela primeira vez, contra a secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho (PT), desde que explodiram denúncias de irregularidades na Pasta. O tucano assinou requerimento da oposição pedindo o imediato afastamento da petista do cargo.

O documento não foi aprovado pela Casa. Para ser avalizado, necessitava de 15 assinaturas favoráveis, mas recebeu apenas oito – todos da bancada oposicionista. Desta vez, o governista José Alves da Silva, o Índio (PR), não rubricou a solicitação de saída de Cleuza da Pasta.

A justificativa dada pela oposição para apresentar o requerimento são denúncias do Diário, como suspeita de superfaturamento em compra de salsichas de peru congeladas e sobrepreço em kits escolares adquiridos neste ano pelo governo Luiz Marinho (PT).

Minami é o único oposicionista a não ter assinado a CPI dos Uniformes para estender a investigação de irregularidades da Secretaria de Educação à Câmara. O pedido de comissão foi avalizado por oito vereadores (sete de oposição e um governista, Índio) e está travado no Legislativo.