Uma briga de família resultou na morte da dona de casa Palmira Francisca de Matos, 49 anos, na manhã de ontem, no Jardim Santo André, em Santo André. Palmira e a filha de 14 anos foram atacadas pelo marido, o vigilante aposentado Ataíde Camargo de Matos, 52, que sofre transtornos psiquiátricos, segundo os vizinhos. Depois da confusão, o homem tentou se matar com uma faca.

Acionada por volta das 9h50 pelos moradores da Rua dos Campineiros, a Polícia Militar encontrou mãe e filha caídas na garagem, ao pé de uma escada. Palmira estava morta, mas a jovem, consciente, gritava por socorro.

Já o pai estava ferido e desacordado no chão da cozinha, próximo a uma faca. De acordo com a polícia, há indícios de que, depois de espancar as duas com pedaços de madeira, o vigilante aposentado as empurrou escada abaixo.

Matos foi autuado em flagrante pelo delegado titular do 6º DP (Jardim do Estádio), Marcos Alexandre Cattani, por homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado. "Segundo testemunha, ele (Ataíde) ligou para uma filha mais velha, que não mora com a família, para avisar que mataria a mãe e a irmã pela manhã", destaca. Dentro da casa, foram encontrados medicamentos controlados, como rivotril e gardenal.

A adolescente sofreu fratura no braço esquerdo e foi transferida do CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André para o Hospital Brasil durante a tarde de ontem. Já o pai teve ferimento por faca no abdômen e pescoço no CHM, onde segue internado sob escolta policial.

Segundo relatos dos vizinhos, Matos sofria de transtornos psiquiátricos e teria recusado tratamento. Além de tomar medicação controlada, ele sofria com fortes dores na coluna e misturava bebida aos medicamentos.

Um dos vizinhos do casal, o aposentado Pedro Valeriano dos Santos, 63, destaca que esta foi a primeira vez que escutou discussão na casa ao lado. "A briga começou perto das 9h e, apesar do muro alto, dava para ouvir a gritaria", comenta. Segundo ele, que saiu à rua na tentativa de ajudar, a filha do casal estava consciente antes de ser levada pela equipe do Samu (Serviço Móvel de Urgência) para o hospital. "Ela gritava por socorro", revela.

Amigo da família há cerca de dez anos, o operador de máquinas João Batista de Farias, 43, relata que o casal estava com problemas há cerca de uma semana. Na noite do domingo, Dia dos Pais, ele teve de socorrer Matos. "Ele caiu da escada e, no caminho para o hospital, chegou a comentar que tinha brigado com a esposa porque não concordava com a forma como ela educa a menina (filha do casal)", comenta.

O laudo do IC (Instituto de Criminalística), que deve ser divulgado em 30 dias, vai apontar se Palmira morreu decorrente das pauladas que levou na cabeça ou após ser jogada da escada.