Setecidades Titulo Saúde
Campanha contra o HPV imuniza 30,8 mil meninas no Grande ABC

Conscientizar famílias é chave para prevenção; em Mauá, 10% dos pais não autorizam vacinação

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
25/03/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


Em duas semanas, a campanha nacional de vacinação contra o HPV (papilomavírus humano) imunizou 30,8 mil meninas entre 11 e 13 anos na região, 64% da meta de 48,3 mil jovens a serem vacinadas em um mês. Alguns pais, porém, ainda apresentam resistência na hora de vacinar suas filhas, principalmente nas campanhas realizadas nas escolas desde o dia 10. Em Mauá, por exemplo, 10% dos pais assinaram termo de recusa nas unidades de ensino. São Bernardo afirmou que também registrou casos de negativa das famílias nas escolas.

Entre as críticas estão o fato de se tratar de pré-adolescentes, que poderiam ser incentivadas a iniciar a vida sexual mais cedo. O ginecologista da Faculdade de Medicina do ABC e coordenador do Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher) de São Bernardo, Rodolfo Strufaldi, afirma que se trata de um equívoco. “A idade não foi escolhida por acaso. Experiências internacionais afirmam que o ideal é vacinar antes que as meninas estejam expostas ao vírus. Não podemos fechar os olhos para o fato de que adolescentes em todo o mundo iniciam a vida sexual cada vez mais cedo.”

Strufaldi explica que existem mais de 80 tipos de vírus do HPV, sendo que dois deles podem causar câncer de colo do útero, segundo tipo da doença que mais mata mulheres no País. A vacina aplicada pelo governo protege contra essas duas cepas, e também contra outras duas que causam verrugas genitais, DST (Doença Sexualmente Transmissível) cujo tratamento é bastante incômodo. “É preciso cauterizar as feridas, processo doloroso”, explica.

Para o médico obstetra Gustavo Joseph de Arruda Camargo, do Ambulatório de Pré Natal para Adolescentes Grávidas da Prefeitura de Santo André, a campanha é oportunidade para conversar sobre sexo. “Não podemos esquecer que a vacina protege só contra um tipo de doença, mas que é necessário o uso de outros métodos contraceptivos para evitar gravidez e outras patologias transmissíveis pelo ato sexual.”

Camargo afirma que o ambulatório recebe grande número de adolescentes que engravidaram ao tomar pílula escondido dos pais, e sem fazê-lo corretamente. “Essas meninas não conversam com seus familiares e acabam cometendo erros que terão consequências para o resto da vida, como o sexo sem proteção.”

Região


As prefeituras afirmam ter feito palestras de conscientização para incentivar as famílias a autorizar suas filhas a serem vacinadas. Nas escolas, familiares que não autorizam a vacinação devem assinar termo de recusa. Mauá informou que cerca de 10% dos pais não permitiram a vacinação nas instituições de ensino. Sem especificar percentual, o mesmo tem ocorrido em São Bernardo, segundo a chefe da divisão de vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde, Cândida Kirschbaum. “Alguns poucos pais não autorizaram a imunização das filhas na escola, mas o motivo foi o desejo de acompanhá-las nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde).”

Neste ano, a segunda dose da vacina deve ser aplicada seis meses após a primeira. Já a terceira dose, que funciona como um reforço, deve ser aplicada cinco anos após a primeira.

No ano de 2015, a vacina contra o HPV será destinada às meninas entre 10 e 13 anos e também será dividida em três etapas. A partir do ano de 2016, a vacina passará a ser aplicada a partir dos 9 anos.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;