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Quero fazer sozinho!

Durante a infância a gente coleciona muitas conquistas e aprende a ser independente

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
16/03/2014 | 07:00
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 Dormir e comer sozinho, tomar banho, escovar os dentes, se vestir sem ajuda de ninguém. As pequenas ações do dia a dia podem parecer simples, mas só depois de muito treino.

Ter independência requer habilidade e concentração, que desenvolvemos com o tempo. O que era difícil fazer aos 2 anos, por exemplo, se torna fácil aos 5.

Dormir sozinho é uma das nossas primeiras conquistas. Ter o próprio espaço é divertido. “Todas as noites durmo na minha cama, no meu quarto. Estou acostumado desde pequenininho. E ainda ensino minha irmãzinha de 3 anos (a fazer o mesmo)”, conta Rodrigo Augusto João, 4 anos, da Emei Emílio Carlos, de São Caetano.

Para Lara Pires Malta, 4, comer com o garfo não é moleza. “Tive de treinar. No começo, derrubava a comida para fora do prato. Agora, faço direitinho”, diz a aluna da Escola Stagium, de Diadema, que é craque na arrumação da mochila.

Amarrar o tênis é uma das tarefas mais complicadas de aprender, embora os calçados com velcro facilitem. Fernanda Dammenhain Zanatta Marques, 4, de Diadema, treina com seu novo tênis. “Já coloco as meias e o sapato sozinha, mas ainda está difícil.” No entanto, Fernanda conta, com gostinho de vitória, que já dorme, toma banho, come e coloca o uniforme sozinha.

Lucca Moreira Braga, 5, de São Caetano, também não sabe dar o laço no cadarço. Mas não desanima e revela que, há muito tempo, já toma banho sem ajuda dos adultos e faz o próprio prato na hora das refeições. “Faço tudo rápido e não derrubo a comida. Agora quero aprender a amarrar o tênis.”

Família e escola têm papel importante

Observar os amigos e seguir os conselhos dos adultos ajudam a nos tornarmos independentes. O primeiro passo é fazer as tarefas em casa sozinho, com a orientação dos mais velhos. Errar é parte do aprendizado e deve servir como incentivo a tentar outras vezes. É como treino de futebol; quanto mais chutarmos a bola para o gol, mais chances temos de balançar a rede.

Ir à escola também é importante para que a gente aprenda tudo mais rápido. Os colegas que já sabem fazer algo sozinhos (como recortar e colar) podem ajudar dando dicas. Trocar experiências é positivo e saudável.

“Acho difícil escovar os dentes, mas consigo. Tenho muitos amigos e fazemos tudo juntos. A gente também arruma as mochilas”, conta João Victor Mojano Antônio, 5 anos, de São Caetano.

Cada um tem seu tempo para aprender

Não há regras quando o assunto é aprendizado e desenvolvimento. Cada pessoa é única, portanto, tem seu próprio tempo para descobrir como fazer as tarefas sozinha.

Geralmente, por volta dos 2 anos, as fraldas são abandonadas e comer sem o apoio de adulto se torna realidade. Até os 6 anos, a gente começa a se vestir e tomar banho sem auxílio.

“Às vezes, minha mãe precisa me ajudar, mas já faço quase tudo. Vejo meu irmão de 8 anos e copio”, diz Lara Elias Cosini, 5, de Diadema. Além do mais velho, a trigêmea compartilha as experiências com os outros dois irmãos. “Não somos preguiçosos. Eu arrumo meus brinquedos no quarto.”

Conquista também obtida por volta dos 6 anos, amarrar o tênis ajuda a desenvolver a coordenação motora. Por isso, pode até mesmo fazer com que a gente use o lápis para escrever com mais facilidade.

Nem tudo é permitido

Aprender coisas novas é sempre muito gratificante. A gente se sente bem em ampliar nossos conhecimentos. No entanto, em todas as faixas etárias, há regras do que é ou não permitido. Deixar alguém com 3 anos se aproximar do fogão e de alguns utensílios domésticos, como facas, é colocar sua segurança e saúde em risco.

Por isso, a presença de adultos é fundamental. São eles que nos ensinam e orientam sobre o que e como fazer algo. Desenvolver nossas habilidades só se torna proveitoso quando há responsabilidade. Se ainda não temos idade para esquentar a comida no fogão, podemos usar o micro-ondas, com a ajuda de alguém mais velho. O importante é não pular etapas; tudo tem sua hora.

 

Consultoria de Maria Regina Domingues de Azevedo, psicóloga e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC, e Sandreilane Cano, especialista em Psicopedagogia Construtivista pela Unicamp, mestre e doutoranda em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela USP.

 




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