Comando da PM (Polícia Militar) no Grande ABC e a Corregedoria da corporação puniram com afastamento temporário e sanções administrativas pelo menos seis milicianos que foram flagrados em vídeo divulgado na internet agredindo um manifestante de 21 anos durante protesto no dia 1º de julho, em São Bernardo.

Segundo integrantes da Corregedoria ouvidos pelo Diário, os policiais foram identificados somente através do prefixo das viaturas que utilizavam, já que nas imagens divulgadas eles aparecem de jaqueta e capacete, impossibilitando que fossem visualizados.

A apuração do IPM (Inquérito Policial Militar) aberto pelo Comando da PM da região definiu que, diante da impossibilidade de identificação apenas dos dois policiais que são flagrados agredindo o ajudante geral, todos os milicianos que atuaram na Rua Báltico, no Jardim do Mar, naquela noite, serão punidos.

“A obrigação dos policiais era, após identificar aquele baderneiro que estava quebrando algo, imediatamente contê-lo e prendê-lo, não agredi-lo”, justificou o comandante da PM na região, coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli.

“As imagens são claras e nós temos de cortar na própria carne quando necessário. E a PM faz isso muito bem através de seu serviço de inteligência e de correção”, completou.

Entretanto, não serão apenas os milicianos os punidos. As investigações da Polícia Civil da cidade e da Corregedoria identificaram o jovem agredido e mais alguns manifestantes como os responsáveis por depredar e pichar uma concessionária de veículos na Avenida Pereira Barreto e também agências bancárias e outros comércios da Rua Marechal Deodoro, ambas no Centro. Eles podem ser indiciados por dano aos patrimônios público e privado.

Segundo o inquérito policial, os manifestantes que aparecem correndo nas imagens do Jardim do Mar poderiam estar fugindo após serem flagrados pela PM. O fato foi negado pelo manifestante agredido em seu depoimento dado no 1º DP (Centro) local.

O vídeo registra um dos três confrontos entre militares e manifestante na cidade durante a onda de manifestações na região ocorrida naquele mês e em junho. Naquela mesma noite, um estudante de 18 anos foi baleado na Via Anchieta – crime que continua sendo investigado.

Também houve casos de repercussão negativa em Mauá e Santo André. Somente São Caetano não registrou vandalismo e saques em seus protestos.

A Inteligência da PM descobriu que a maioria dos detidos não era da região e, além de ir aos protestos para consumir drogas, estava armada com objetos próprios para incitar as depredações e os confrontos com a corporação.

Desde julho o Grande ABC não teve mais grandes protestos após as prefeituras anunciarem que o valor das tarifas de ônibus se estabilizariam em R$ 3.

“As manifestações são legítimas, apoiamos todas elas”, disse Mauro. “O que não aceitamos é o baderneiro que vai lá para destruir o patrimônio de alguém. São pessoas que sequer fazem parte de algum movimento.”