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Gastando no escuro

Este pessoal do Senado não tem jeito: gasta alucinadamente, e secretamente, o seu, o meu, o nosso dinheirinho

Carlos Brickmann
17/06/2009 | 00:00
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Este pessoal do Senado não tem jeito: gasta alucinadamente, e secretamente, o seu, o meu, o nosso dinheirinho. Mas o Senado não está sozinho em seus atos secretos (embora os meios de comunicação só se lembrem dele): a Presidência da República tem gastos secretos dos mais robustos, totalmente protegidos das vistas do contribuinte. E, veja bem que não se fala de todo o Poder Executivo, mas apenas da Presidência da República. Tapiocas e perfumes comprados em lojas de aeroporto são despesas de Ministérios, não da Presidência.
E por que serão secretos os gastos da Presidência? A resposta lembra a de alguns tenebrosos anos passados: "segurança nacional". Quando o governo toma conhecimento de suas despesas, caro leitor, não vê nenhum problema de segurança pessoal nem familiar. Mas dar ao cidadão, que paga as contas, o direito de saber em que é gasto o dinheiro de seus impostos, isso deve provocar uma tremenda insegurança nacional - coisa perigosíssima, como podemos imaginar.
De acordo com os números oficiais, a Presidência da República gastou secretamente, desde a posse do presidente Lula, há pouco mais de seis anos, R$ 34,4 milhões - além dos gastos normais, contabilizados e de conhecimento público.
E daí? Daí, nada: o Brasil é assim mesmo. É como o caso dos atos secretos do Senado: pode apostar que haverá punições - de funcionários, não de senadores. Algum alto funcionário será demitido (e ganhará discretamente outro emprego ainda melhor) e dois ou três contínuos - ah, esses sim! - vão para o olho da rua.

O SEGREDO DO SENADO
A estratégia de José Sarney, de defender os atos do Senado, foi traçada por quem manda de fato na Casa: o senador Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas. Renan, depois de longo mergulho, voltou desenvolto, no posto de comandante-chefe. Sarney, que nos últimos tempos se preocupou mais com a saúde da filha Roseana do que com o Senado, é sua fachada; seu principal operador é Gim Argello, do PTB de Brasília, que assumiu com a renúncia de Joaquim Roriz, acusado de corrupção. Gim Argello é uma revelação: ultragovernista e habilíssimo.

TRABALHAR CANSA
Preocupado com seus problemas, o Senado se esqueceu de votar nos substitutos de 11 integrantes do Conselho Nacional de Justiça, cujo mandato terminou anteontem. Resultado: o CNJ está apenas com quatro conselheiros (e, na semana que vem, ficará com três, já que termina o mandato de Joaquim Falcão). Os novos conselheiros já deveriam ter tomado posse, para realizar sua primeira sessão na semana que vem. Isso não será possível - e 80 processos ficaram para depois.

IRRITADO?
Está cansado de tanta mutreta? Normann Kalmus, assíduo leitor desta coluna, pergunta: "Vamos começar a organizar o time dos indignados ou vamos ficar só reclamando do cinismo alheio?" Vá a http://shar.es/Wj25: lá está a base do movimento "Respeite-me. Não permita que se cale sua consciência".

O GOVERNO...
Do ministro da Fazenda, Guido Mantega, referindo-se à decisão de baixar a taxa básica de juros, garante que "acabou a moleza para os bancos". A frase vale um comentário, que este colunista fará assim que parar de rir.

...COMO ELE É
Do presidente Lula, garantindo que as eleições no Irã foram corretíssimas e à prova de irregularidades: "Veja, o presidente teve uma votação de 61,62%. É uma votação muito grande para a gente imaginar que possa ter havido fraude". Pois é. Saddam Hussein se elegeu no Iraque com 100% dos votos. Pela porcentagem, teve os votos até dos xiitas e dos curdos que faziam oposição armada a seu governo. E, a julgar pela lógica do presidente Lula, não houve fraude.

EM CASA
Ser presidente permite a Lula dizer essas coisas, mas também exige sacrifícios. Hoje, por exemplo, Lula visita o Cazaquistão, terra tão boa que era lá que a União Soviética testava suas bombas nucleares.




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