Economia Titulo Empréstimos
Juros abaixo de 1%
só em até seis vezes

Cinco dos seis principais bancos que atendem o consumidor
dobram a taxa de juros em contratos acima de seis prestações

Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
03/07/2012 | 07:00
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Hoje o crédito consignado é a opção de empréstimo mais barata para os aposentados ou pensionistas cobertos pela Previdência Social, ou seja, vinculada ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A taxa de juros mais baixa da operação está em 0,75%. Porém nem sempre é possível ter acesso ao patamar menor de juros, que são maiores a partir da sétima parcela. Cinco dos seis principais bancos que atendem o consumidor dobram a taxa de juros em contratos acima de seis prestações, apontam dados do Ministério da Previdência Social.

Professor de Finanças da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Adriano Gomes, opinou que isso prova estratégia dos bancos em puxar clientes para a modalidade. "Por uma mera curva, ele (banco) sabe a quantidade de pessoas que toma empréstimos com prazo de seis meses, e a maioria pega com prazo superior. Isso (juros abaixo de 1% ao mês) é mera ilusão de ótica. Não atinge a grande parte da clientela", destacou.

Segundo a Previdência, em maio, 0,003% do montante de consignado vinculado ao INSS era de operações para liquidação em até seis parcelas, ou seja, R$ 10 milhões do total de R$ 2,9 bilhões.

O HSBC é a única instituição do grupo que não disponibiliza a modalidade para a liquidação entre uma e cinco parcelas. Seu empréstimo tem mínimos de seis prestações e 1,89% ao mês de juros. Por outro lado, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander, Itaú Unibanco e Bradesco cobram menos de 1% ao mês nos consignados pagos em até seis mensalidades.

A Caixa tem a taxa mais baixa para operações em até seis parcelas, de 0,75% ao mês. Considerando empréstimo de R$ 3.000 nessas condições, com parcelas fixas, o contratante pagaria, mensalmente, R$ 513,21. Caso a escolha seja por sete parcelas, os juros passam a 1,8% ao mês e o desembolso com juros será R$ 91,09 superior. Na primeira operação, o beneficiário pagaria R$ 79,24 de juros. Na segunda, o custo do crédito ficaria em R$ 170,34. No entanto, as parcelas diminuem para R$ 452,91 em sete vezes.

Entre os cinco bancos, o Bradesco tem as maiores taxas, de 0,9% ao mês para seis parcelas e 1,9% para sete prestações. Na mesma simulação de R$ 3.000, os juros para seis prestações ficariam em R$ 95,21, e para sete, R$ 232,29.

Gomes critica a cultura dos consumidores ao contratarem empréstimos com parcelas que cabem no orçamento. "O correto é sempre tentar as menores taxas de juros", afirmou. O consignado, para beneficiários da Previdência, está disponível por meio de empréstimo pessoal ou operações de cartão de crédito.


Modalidade de crédito registra recorde de concessões em maio

 

O empréstimo consignado teve marca histórica em maio. Segundo dados do boletim de operações de crédito do Banco Central, todos os contratos da modalidade realizados naquele mês, considerando trabalhadores registrados, aposentados e pensionistas, somaram desembolsos de R$ 9,56 bilhões, maior patamar para um mês desde 2003, início tipo de operação.

Pesquisador da consultoria de finanças Instituto Assaf, o professor da USP (Universidade de São Paulo) Fabiano Guasti Lima avaliou que as reduções do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) alavancaram a demanda pelo consignado. "Os produtos ficaram mais baratos e isso é uma boa desculpa para trocar aquela geladeira velha", brincou. Ele acrescentou que os bancos, com juros mais baixos e margens menores, elevaram a oferta da modalidade.




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