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Banco de montadora amplia crédito
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
03/03/2005 | 13:57
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Produzir veículos é um grande negócio, mas fincanciar a sua compra pode ser melhor ainda para as montadoras. Essa é a leitura do balanço da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras) no ano de 2004: o volume de financiamentos cresceu 19,8% em relação ao ano anterior, para o total de R$ 10 bilhões. Em unidades, as vendas financiadas pelos bancos das montadoras tiveram alta de 8,1%, para 599 mil veículos.

Animadas com os recordes de produção e exportações quebrados no ano passado, as financeiras das montadoras estimam aumentar em 8,5% o número de veículos financiados em 2005, atingindo 650 mil unidades financiadas. Entretanto, o cenário está condicionado a uma trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic) – hoje em 18,75% – e que se mantenha a expansão do volume de crédito no mercado. O setor automotivo representa 70% do PIB (Produto Interno Bruto) do Grande ABC, região que produz 25% dos automóveis e 55% dos caminhões e ônibus do país.

O presidente da associação das financeiras, Luiz Montenegro, afirma que as financiadoras se beneficiaram da evolução da indústria de veículos. As indústrias produziram 2,2 milhão de unidades no ano passado, recorde histórico, e tiveram vendas no mercado interno 10,5% maiores que em 2003, com a comercialização de 1,579 milhão de veículos. Montenegro acrescenta que houve efeito positivo também da melhora da economia brasileira como um todo, que cresceu 5,2% no ano passado, de acordo com dado recém-divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com os indicadores econômicos favoráveis, as vendas financiadas de veículos reagiram e passaram a representar 65% do total vendido no mercado interno – 50% em CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos), 10% por consórcio e 5% por leasing. Em 2003, eram 62% do total. Ao mesmo tempo, o prazo de financiamento caiu de 30 meses em 2003 para 28 meses. “Com o crescimento econômico, a retomada do emprego e a melhoria na capacidade de aquisição, as pessoas tentam comprar em menor prazo possível, essa é uma tendência em um país de tradição inflacionária”, diz Montenegro. Em países desenvolvidos o prazo chega a 60 meses.

Para a área de veículos comerciais, o crescimento dos financiamentos foi ainda mais expressivo. Houve alta de 34% em 2004, de 28,1 mil unidades financiadas em 2003 para 37 mil no ano passado. Segundo o diretor da Anef Xavier Accariès, a forte recuperação da economia recolocou no mercado empresas do setor de agronegócio e estimulou a renovação das frotas de ônibus de empresas públicas e privadas.

As financeiras das montadoras contabilizaram ainda recuo no índice de inadimplência, que caiu de 4,3% para 3,6%. Segundo Montenegro, lei aprovada no ano passado que permite a alienação (venda) praticamente imediata do bem retomado por não-pagamento é fator que colabora para reduzir a inadimplência. Ele ressalta que a nova lei ainda é pouco aplicada no mercado. “Mas houve melhora na análise de crédito”, afirma.

Os bancos das fabricantes de veículos praticaram em 2004 taxas de juros, em média, de 1,99% ao mês, ou 26,68% ao ano. De acordo com a associação, fica abaixo dos 2,64% praticados pela média do mercado bancário (36,52% ao ano). Montenegro considera que para este ano não deverá haver mudança significativa nas taxas, a não ser que haja melhora taxa de  juros praticada pelo Banco Central.



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