Márcio Bernardes Titulo
Otimismo na abertura

A Olimpíada que começa hoje está cercada de expectativa pela confirmação de que será a maior da história

Especial para o Diário
08/08/2008 | 00:00
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A Olimpíada que começa hoje está cercada de expectativa pela confirmação de que será a maior da história. Os números que envolvem o evento são tão grandiosos quanto misteriosos. Porque tudo aqui na China é divulgado de acordo com a conveniência do governo e dependendo dos seus interesses.

Está claro que o Partido Comunista investiu muito dinheiro nas obras, estrutura e organização. Estádios foram construídos e reformados. As Vilas Olímpicas dos atletas e jornalistas foram erguidas ao Norte da cidade. Depois do dia 25, os apartamentos serão negociados no melhor estilo capitalista.

O Estado gastou entre US$ 3 bilhões e US$ 7 bilhões. E acredita que atingirá seus objetivos. Como se sabe, em 2009, a economia chinesa vai ultrapassar a japonesa. E, no final dos anos 2000, deverá assumir o primeiro lugar no ranking mundial.

O país é grande geograficamente e tem a maior população do planeta: 1 bilhão e 300 milhões. Consegue, com sucesso, aplicar o fechado regime comunista e ao mesmo tempo abrir suas fronteiras para o mais escancarado regime capitalista. Sua economia cresce com números impressionantes.

É possível comprovar que há uma injeção de orgulho nacionalista para a população local. Por isso, quanto mais medalhas vierem, melhor.

ESTADISTAS
Dezenas de chefes de Estado e governo estão em Pequim. A festa de abertura no Ninho de Pássaro promete ser inesquecível. Vamos comprovar isso de perto.

FRASES

"Nunca vi calor desse jeito. Nem em Alagoas!"
Marta, que sempre viveu numa terra quente, estranhando a temperatura daqui."

"Podem apostar na Maurren. Ela é 'pule de 10!'"
Robson Caetano, craque aposentado do atletismo.

"Estou confiando muito no ouro masculino e feminino para o Brasil."
Bernard Razjahman, ex-jogador e hoje cartola do Comitê Olímpico Brasileiro.

"Todos os jornalistas chineses credenciados têm um cadastramento especial. O controle do governo é total."
Liang Wudon, jornalista de Taiwan, inimiga do regime comunista.

POUCAS E BOAS

Lágrimas
Foi emocionante a derradeira entrevista de Juliana, que faz dupla com Larissa. Por causa de contusão, não vai disputar a Olimpíada. Ana Paula chegou, mas o entrosamento só vai acontecer com o tempo. Atleta e repórteres chegaram às lágrimas no papo com Juliana na Vila.

Cambistas
A Agaxtur Turismo trouxe 460 brasileiros a Pequim. A Tamoio, do Rio de Janeiro, 300. Estima-se que mais 500 vieram avulsos ou ainda virão para os Jogos. O maior problema para todos é o número limitado e escasso de ingressos. Os cambistas internacionais já chegaram e estão fazendo a festa.

Sem ingresso
Ironia do destino! Rose Vilela, mãe do nadador Thiago Pereira, não tem ingressos para todas as competições da natação brasileira. Caso passe para a semifinal, o campeão do Pan dificilmente terá o incentivo da mãe. A não ser que alguma alma bondosa a presenteie com os cobiçados ingressos.

Calorão
As jogadoras do futebol brasileiro já haviam avisado os rapazes: é impossível jogar normalmente com o calor de Shenyang. A vitória masculina sobre a Bélgica comprovou que não há corpo humano que resista a uma competição forte e disputada como o futebol. Ainda bem que a largada
foi vitoriosa.

TOQUE FINAL
Lula é um mercantilista. Mais do que isso: ele é um excepcional relações públicas. Está conseguindo vender para o mundo a idéia do etanol e acha que vai ajudar a emplacar o Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016.

O presidente brasileiro tem distribuído charme e simpatia por onde anda aqui em Pequim. E está afinado com Carlos Arthur Nusman, Sérgio Cabral e a Rede Globo. Sim, senhor! Porque se houver Olimpíada no Brasil, a Globo será a emissora oficial e gozará dos mesmos privilégios do Pan do Rio.

Um cabo eleitoral importante foi cooptado: Mário Vasquez Raña, presidente da Organização Desportiva Pan-Americana. Com ele vêm 40 votos. Agora estão tentando conquistar os africanos. E Lula entra em campo liderando os contatos.

Não será difícil convencer os asiáticos, até porque o Japão, por sua história e tradição, não é bem visto aqui na região.




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