A lagarta do bicho-da-seda produz o fio de seda por meio de uma glândula que fica na boca. Do pequeno órgão sai baba que, em contato com o ar, endurece e forma o fiozinho, usado pelo homem para fazer o tecido. Durante dois ou três dias, fabrica a substância e a enrola ao redor de seu corpo, criando o casulo (parecido com uma bolinha coberta por algodão).

A lagarta permanece lá dentro entre dez e 12 dias; nesse período, transforma-se em mariposa. Depois, rompe o revestimento para sair. Vive cerca de 15 dias. Na fase adulta, se reproduz. Os filhotes deixam os minúsculos ovos e, em pouco tempo, ficam até 70 vezes maiores do que eram no nascimento. Então, iniciam a produção da seda para construir a própria casinha.

Hoje, não é mais possível encontrar o bicho-da-seda na natureza. Existe apenas nas indústrias que criam o tecido. Para retirar a seda, o homem joga parte dos casulos na água quente. Os bichinhos no interior deles morrem. Somente assim dá para encontrar a pontinha do fio e desenrolá-lo com cuidado sem que quebre. Se deixassem a mariposa rasgar a casinha, não daria para usar a seda, pois estaria toda quebrada.

Para as lagartas fabricarem maior quantidade de seda, os produtores oferecem muitas folhas de amoreira, seu alimento preferido. Por causa disso, a maioria das mariposas tem o corpo bem gordinho e não consegue voar direito, pois as asas não suportam o peso.

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Mas como o homem descobriu que dava para fabricar a seda? Uma das lendas conta que há cerca de 5.000 anos a imperatriz chinesa Xi Ling-Shi avistou um casulo curioso em seu jardim. Para amolecê-lo, jogou em seu chá e encontrou a pontinha de um fio bem delicado. Ao puxá-lo, percebeu que ficava cada vez mais longo. Ao levar a novidade para os nobres locais, tiveram a ideia de fazer o tecido. Até então, as roupas eram feitas de algodão e pele de animais.

Tem bicho-da-seda no Planeta Inseto, exposição do Instituto Biológico (Rua Amâncio de Carvalho, 546, tel.: 2613-9500), em São Paulo. De terça a domingo, das 9h às 17h. Grátis.

Aranha tece fio resistente

A aranha também produz fio, só que faz por meio da fiandeira, órgão que fica no fim do abdômen. Na região existem tubinhos que soltam substância líquida, que endurece em contato com o ar. O tempo de fabricação varia de acordo com a espécie. Algumas tecem uma teia nova por noite; outras mantêm a mesma por dias ou meses.

Há aranhas que constroem até seis tipos de teias, cada uma com finalidade específica. A de fio grudento, por exemplo, serve para capturar alimentos (insetos). Já a feita com fio seco permite que andem sobre ela. Também usam a substância para embrulhar os ovinhos e protegê-los de predadores.

A teia aguenta chuva e frio intenso. Em 2002, o cientista Elíbio Rech Filho, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) descobriu que é tão forte quanto o fio de aço e flexível como o elástico. Desse modo, pode ser usada na fabricação de produtos resistentes e mais leves, como para-choques de carros. Mas como o animal fabrica pouca quantidade de teia, é preciso desenvolvê-la em laboratório. A produção artificial, porém, ainda é pequena.

Longe da natureza

Para fazer o tecido, o homem coleta ovinhos de bicho-da-seda e espera até que se transformem em lagartas. Em seguida, as coloca sobre folhas de amoreiras, das quais vão se alimentar. Nessa fase, trocam de pele quatro vezes. Depois, começam a tecer os casulos. Alguns são destinados à fabricação da seda; outros são preservados para que as mariposas saiam e se reproduzam.

Ana Laura de Abreu e Silva, 11 anos, de Santo André, tem curiosidade em saber como o bicho-da-seda produz o fio usado pelo homem para fabricar o tecido. "Acho que faz com as patinhas." A garota nunca o viu de perto. "Deve viver nas florestas junto de outras lagartas."

Consultoria de Harumi Hojo, pesquisadora científica e coordenadora do Planeta Inseto.